Só vamos mudar se o eleitor mudar de postura

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Jornalista Jayme Modesto

Estamos entrando novamente em um período de eleições municipais e como sempre, nadando em um mar de lama político. Sabemos que é muito antiga esta história de se reclamar dos políticos, coisa dos tempos de meu avô. E isso tende a piorar, seja pelo cinismo, sejam pelos mais criativos métodos possíveis de fraudar o sufrágio. Mas não vou aqui ficar falando de coisas óbvias que todos estão cansados de ver na TV, rádio, jornais e nas ruas. O que tenho a dizer é que, ou mudamos de postura, ou vamos parar no buraco de vez, já que acredito naquela teoria de que só chegando ao fundo do poço para que as coisas melhorem.

As novas regras para a disputa eleitoral no dia 02 de outubro na eleição para prefeito e vereadores, só farão sentido na prática, se realmente o eleitor mudar de postura. Depois de tudo que aconteceu no cenário político nos últimos anos, com as inúmeras condenações, prisões e outras investigações promovidas pela Operação Lava Jato e pela Procuradoria Geral da União, algo realmente precisa ser feito de forma diferente.

Porém, a grande transformação deve partir do eleitor, da pessoa que sofre no dia a dia com o reflexo das ações desastrosas levadas a cabo pelos nossos representantes políticos. Afinal, na Grécia antiga já se dizia que o “Poder Emana do Povo e em seu favor será exercido”. Então cabe ao povo promover esta transformação escolhendo dignamente seus representantes, não aceitando qualquer tipo de troca pelo seu voto. Porque não há como negar a existência de favores escusos para induzir o eleitor promovido pelos políticos profissionais que estão há anos fazendo a mesma coisa, ou seja, nada.

O que se espera é que, a partir de agora o processo eleitoral seja diferente. Não há mais espaço para políticos profissionais e fisiologistas, que fazem da política um meio de vida e se eternizam no poder e ainda repassam como herança para seus descendentes.

O processo político eleitoral está cada dia mais sujo e recheado de desonestos travestidos de homens de bem, que chegam ao poder através da compra de votos financiada com dinheiro do próprio eleitor que se vende, achando que é a pessoa mais esperta do mundo, mal sabe ele que este dinheiro que hoje recebe do candidato, será o que irá faltar nas escolas, na saúde, no saneamento básico, entre tantas outras áreas carentes de recursos.

Sabemos também, que a maior incidência da negociata espúria que envolve o candidato e o eleitor começa na eleição de prefeito e vereador, onde travam uma batalha descarada pelo voto do eleitor que também se corrompe e que muitas vezes trata-se de um ingênuo cidadão de bem, que ainda acha que o fato de vender o voto não é crime e sim um benefício ofertado pelo candidato. Por isso, acabar com o político profissional é também por fim em uma das maiores fontes endêmicas de corrupção do país. Uma prática maligna, já que atuam pensando exclusivamente em seus interesses, em detrimento do povo.

Com isso, os candidatos a prefeitos e vereadores nesta eleição de 2016, tem que pensar numa nova forma de fazer política. Campanhas cheias de santinhos, placas, carros de som, carros envelopados, comícios, TV e rádio, são coisas do passado.

O que temos pela frente é uma campanha que deverá cativar a atenção do eleitor por meios muito mais ágeis e baratos, postura séria e uso da internet.

Por outro lado, é fato que a população estará mais vigilante. Cabe saber, se esta vigilância despertará o interesse do eleitor por informações acerca de seus candidatos. A experiência mostra que nem sempre isto ocorre.

Por exemplo, vivemos o paradoxo de ter o congresso mais corrupto de todos os tempos, que ironicamente foi eleito depois de aprovada a Lei da Ficha Limpa. O que deu errado? O fato de que a Lei ou qualquer outra medida será inócua se não acompanhada de mais informação disponível ao eleitor, sob fontes isentas e controladas democraticamente.


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