Berlim: três filmes brasileiros são selecionados para a mostra Panorama

Longas de Anna Muylaert, Fábio Baldo e Sérgio Andrade e Marcos Prado estarão no festival

Marco Archer, personagem do documentário ‘Curumim’, de Marcos Prado – BEAWIHARTA / REUTERS

RIO – O festival de Berlim selecionou três filmes brasileiros para a mostra Panorama. Os longa-metragens “Mãe só há uma”, de Anna Muylaert; “Antes o tempo não acabava”, de Fábio Baldo e Sérgio Andrade; e “Curumim”, de Marcos Prado estão entre as 51 produções de 33 países.

Embora não tenha prêmios do júri, a Panorama contempla o melhor filme através de voto popular. Em 2015, “Que horas ela volta?”, de Anna, foi o grande vencedor. O Festival de Berlim será realizado entre 11 e 21 de fevereiro.

O novo filme da diretora é outro drama familiar. Finalizado em apenas três diárias de filmagem, “Mãe só há uma” mostra a história de um adolescente que descobre ter sido roubado na maternidade. O elenco tem Matheus Nachtergaele, Naomi Nero e Dani Nefussi.

Cena de ‘Mãe só há uma’, de Anna Muylaert – Divulgação

“Antes o tempo não acabava” retrata um jovem indígena que vive o choque entre sua cultura tradicional e a vida na capital Manaus. Sérgio Andrade, que codirigiu o longa com Fábio Baldo, começou a escrever o roteiro quando fazia “A floresta de Jonathas” (2012), e diz ter buscado a ideia da história na experiência que teve convivendo com índios que vivem na “zona de transição” entre a aldeia e a cidade.

— O longa é sobre a afirmação indígena frente ao mundo branco, além de abordar a sexualidade do índio, algo que poucas vezes se discute — diz o cineasta, para quem a ida a Berlim é uma oportunidade de mostrar um lado não estereotipado da Amazônia. — Às vezes ela é vendida de uma forma exótica. Quero olhar para o indígena com uma mentalidade humana.

Cena de ‘Antes o tempo não acabava’, de Fábio Baldo e Sérgio Andrade – Divulgação

“Curumim”, por sua vez, é um documentário sobre Marco Archer, brasileiro executado na Indonésia em janeiro de 2015 por tráfico de drogas. Produtor de “Tropa de Elite”, filme premiado em Berlim com o Urso de Ouro em 2008, Prado conta que conhecia o carioca, apelidado de Curumim pelos amigos, desde a juventude no Rio. Para ele, a escolha do documentário pode levar ao público do festival alemão a discussão sobre as penas capitais no país asiático.

— O filme vai chamar atenção para esse assunto, sem dúvida. A Indonésia é um país extremamente corrupto. É uma democracia muito nova, com fascistas dentro e fora do armário. O filme “The act of Killing” (de Joshua Oppenheimer) mostra bem isso. Mas, infelizmente, acho que mesmo que o filme possa causar alguma pressão internacional, as coisas não vão mudar por lá.

Fonte: O GLOBO


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