Faculdade de Direito da USP cria aula sobre corrupção na administração

Disciplina discute o tema nos cursos de mestrado e doutorado

 

O advogado Gustavo Justino de Oliveira leciona corrupção na administração pública na USP – Divulgação

SÃO PAULO – A Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) passou a oferecer neste segundo semestre uma disciplina que discute a corrupção na administração pública. As aulas, destinadas aos alunos do mestrado e doutorado, são ministradas pelo professor de direito administrativo, o advogado Gustavo Justino de Oliveira.

Justino conta que já pensava em criar um curso para tratar sobre o tema há cerca de dois anos, mas diante dos acontecimentos recentes como a Operação Lava-Jato e a Zelotes, que investigam esquemas de corrupção no país, resolveu colocar a ideia em prática.

– Eu queria propor uma discussão mais aprofundada porque, embora a corrupção seja um problema tão perverso para a economia e para a sociedade como um todo, ainda há pouco interesse pelo tema na academia brasileira – diz o professor.

Para montar a grade do curso Justino partiu do pressuposto de que a corrupção é um problema que precisa ser estudado por diversas frentes. Assim, as 15 aulas abordam aspectos da sociologia, comunicação e da psicologia moderna.

O curso foi dividido em três módulos entre os meses de setembro e novembro. Em cada um deles professor e alunos discutem temas como a corrupção como um processo endêmico, instrumentos na luta contra a corrupção, além da existência de um sistema nacional de prevenção e combate ao problema no Brasil.

– O objetivo é fazer um estudo concentrado sobre o que está funcionando e sobre os gargalos – explica.

Ao final de cada módulo, o grupo estuda casos emblemáticos que aconteceram no país a partir da década de 1990, começando pelos escândalos de corrupção que levaram ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor, passando pelo esquema de cartel dos trens em São Paulo e, por último, mensalão e Operação Lava-Jato.

A turma é composta por cerca de 20 alunos entre advogados, delegados, procuradores, funcionários públicos, promotores e juízes.

– Essa diversidade enriqueceu muito o nosso curso, porque cada aluno pôde dar uma contribuição da área em que atua – conta o professor.

O professor conta que o curso terá uma nova edição no próximo semestre. Embora acredite que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer acerca do tema, Justino concorda que as instituições estão funcionando.

– Constatamos falhas de efetividade, uma política de contenção quase inexistente. Mas também reconhecemos que muita coisa está funcionando bem. Os órgãos competentes estão investigando e a Justiça está sendo pressionada a dar respostas mais rápidas – explica Justino.

Fonte: O GLOBO


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