As mulheres ganham menos do que os homens em todos os cargos. É o que aponta pesquisa salarial da Catho que avalia 8 funções, de estagiários a gerentes. A maior diferença é no cargo de consultor, no qual os homens ganham 62,5% a mais do que as mulheres.
A pesquisa da Catho foi divulgada nesta terça-feira (7), véspera do Dia da Mulher.
Para cargos operacionais, a diferença entre os salários chega a 58%, e para especialista graduado é de 51,4%. Completam o ranking: especialista técnico (47,3%), coordenação, gerência e diretoria (46,7%), supervisor e encarregado (28,1%), analista (20,4%), trainee e estagiário (16,4%) e assistente e auxiliar (9%).
Essa disparidade entre os gêneros também pode ser observada na análise da renda da população. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a renda média nacional do brasileiro é de R$ 2.043, mas os homens continuam recebendo mais. Enquanto eles ganham, em média, R$ 2.251, elas recebem R$ 1.762 (diferença de R$ 489).
“Ao longo dos anos, isso pouco mudou. É uma diferença de 70%, que pode estar nas escolhas ocupacionais – há mais médicos homens do que enfermeiros homens, por exemplo – e tem também porque as oportunidades são diferentes. A quantidade de cargos gerenciais, por exemplo, é menor entre as mulheres. Apesar de estarmos em 2017, a gente tem toda uma diferença”, disse o coordenador do IBGE.
A herança cultural machista e a entrada tardia das mulheres no mercado de trabalho, que passaram a buscar condições igualitárias a partir das décadas de 1960 e 1970, estão entre os fatores que contribuíram para a desigualdade salarial.
Segundo ela, a mulher ainda perde espaço porque algumas empresas acreditam que ela terá menos disponibilidade para o trabalho por causa da família e da casa.
Por outro lado, Katia ressalta que o mercado está em evolução e diversas companhias passaram a acompanhar o movimento da importância da igualdade entre gêneros. “A melhor forma de ajudar a acelerar e engajar esse processo é estimular as empresas a ter esse comportamento, aderente ao que mercado pede. O mercado e as pessoas clamam pela igualdade e elas [companhias] precisam responder a isso”, completa.
A pesquisa lista as médias salariais de homens e mulheres em 28 áreas de atuação. Os homens têm salários mais altos em 25 carreiras e as mulheres só recebem mais em três.
As diferenças salariais entre homens e mulheres pode chegar a 116,4% na área de idiomas e cursos vestibulares, segundo a pesquisa. Na área de idiomas e cursos vestibulares, a média de salário dos homens é de R$ 4.271,95, enquanto a das mulheres é de R$ 1.973,69.
No setor de seguros, por exemplo, a diferença salarial chega a 97,7%, com um salário médio de R$ 5.831,95 para os homens e R$ 2.950,25 para as mulheres.
Elas recebem mais nas áreas de academia e esportes, comunicação social e produção de eventos. No setor de esportes, o salário médio é de R$ 2.810,62 para o sexo feminino e de R$ 2.007,43 para o sexo masculino.
A pesquisa foi feita com 13.161 profissionais.
Segundo o Guia Salarial da Hays de 2016, 52% das pessoas tiveram aumento salarial, sendo que a maioria eram homens.
A pesquisa também mostrou que as mulheres se demitem mais, buscando equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, além de satisfação profissional. Segundo Caroline Cadorin, diretora da Hays Experts, as empresas estão buscando opções mais flexíveis para que as mais mulheres consigam ter o equilíbrio que desejam.
“A medida que você muda o ambiente, você faz com que as pessoas acreditem que pode chegar lá, o resto acontece”, completa.
Ela também reconhece que há diferenças salariais entre homens e mulheres, mas diz que políticas de diversidade nas empresas podem minimizar esse processo. “As mulheres tiveram que trabalhar mais para provar que são capazes e que valem o mesmo que os homens e isso gerou um gap de remuneração. As empresas vêm se preocupando com essa diferença salarial e começamos a ver uma série de políticas de diversidade sendo implementadas para que isso aconteça menos.”
Fonte: G1