TRAGÉDIAS: De quem é a culpa?

Diovani Gobi, advogado

Fachada da boate Kiss Foto: AP/Agencia RBS

Estamos acostumados a viver em uma sociedade onde as atitudes positivas, imperativas e disciplinares só ocorrem após o acontecimento de grandes tragédias. O comodismo tomou conta de nosso ser. Mas de quem é a culpa por estas tragédias? Do executor da obra que não tinha qualificações suficientes ou não soube fazer? Do órgão que deveria fiscalizar e que não o fez? Do governante que autorizou (alvará) para a construção através de propina, ao invés de denunciar por corrupção quem ofereceu?

Na minha humilde opinião não. A culpa é de cada parcela da sociedade. É daqueles que venderam seus votos por migalhas de pão, é daqueles que votam pensando em serem os únicos beneficiados, é daquele que olhou para a parede não viu uma licença e não denunciou, é dos empresários onde os lucros estão acima da vida humana, é dos pobres que por falta de condições constroem e ocupam encostas que tendem a desabar, e da classe média, que muitas vezes seus jovens só pensam em divertimento sem preocupar-se com os lugares onde estão indo e se há no mínimo segurança, é das pessoas em geral que apenas comentam o que ocorreu, mas na hora de agir tem outros problemas para resolverem.

Cabe a sociedade de modo geral unir-se contra mandos e desmandos, contra corrupção e tantos outros contra… O ser humano só faz ou deixa de fazer algo se existir o medo da punição, caso contrário, ele fará o que for necessário para o seu bel-prazer. Como já citava THOMAS HOBBES – “O homem é o lobo do homem”. Em sua obra O Estado Natural e o Pacto Social, em Leviatã, 1.ª parte: Do Homem ele ensina, o homem se distingue dos insetos sociais, como as abelhas e as formigas; por isso, o homem não possui instinto social. Ele não é sociável por natureza e só o será por acidente.

Larguemos de hipocrisias ao dizermos que morremos um pouco em Santa Maria – RS, que morremos com os bombeiros que não podiam atender os celulares das vítimas, que morremos ao saber do casal de namorados que morreram abraçados, do filho que ligou para a mãe avisando que estava morrendo… Chega! Morremos sim todos os dias quando não combatemos as injustiças, quando não combatemos a corrupção, quando ficamos inertes a cada tragédia, quem de fato morreu foram as vítimas e seus familiares, nós estamos vivinhos e prontos para infelizmente presenciarmos novas tragédias que possivelmente irão acontecer, e que de praxe ficarão impunes.


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