Equipe de cientista brasileiro testa técnica contra Parkinson em macacos

Estudo testou a estimulação elétrica da medula espinhal em saguis.
Técnica é alternativa a estimulação cerebral profunda, mais invasiva.

Homem com mal de Parkinson (Foto: Reprodução/TV Globo)A equipe do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis divulgou novos avanços na pesquisa que busca um método para tratar Parkinson por meio da estimulação elétrica da medula espinhal. Desta vez, a técnica foi testada em primatas, mais especificamente em saguis-de-tufos-brancos (Callithriz jacchus).

Os resultados do estudo foram publicados na revista científica “Neuron”. A pesquisa envolveu pesquisadores do Insituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade de Lund, na Suécia, e da Universidade de Duke, nos Estados Unidos.

Estudos anteriores já tinham mostrado a eficácia do método em roedores e até em humanos. Segundo os pesquisadores, a técnica já foi testada em mais de 50 pacientes. Apesar dos resultados positivos, ainda não se sabia exatamete quais eram as mudanças neurofisiológicas associadas à melhora dos sintomas, nem como essas mudanças poderiam ser melhor induzidas pelo tratamento.

Foi isso que os pesquisadores buscaram observar aplicando a técnica em saguis. Antes de passarem pelos testes, os animais sofreram lesões que simulam os efeitos do Parkinson. Em seguida, tiveram microeletrodos implantados no cérebro e eletrodos para estimulação implantados na medula espinhal.

Depois dos estímulos elétricos, foi observada uma “clara melhora clínica” nos animais, especialmente na parte motora. Análises mostraram que essa melhora estava associada a uma correção dos padrões da atividade elétrica neural, que aparecem oscilando de forma patológica no animal com sintomas de Parkinson.

Segundo os pesquisadores, trata-se de um efeito semelhante ao observado com o uso do remédio levodopa (L-Dopa), usado no tratamento inicial da doença de Parkinson. “Esses estudos em primatas vão nos permitir selecionar parâmetros de estimulação que podem gerar os melhores resultados possíveis em pacientes parkinsonianos”, afirmou um dos autores do estudo, Romuno Fuentes, em nota divulgada pelo IINN-ELS.

A técnica de estimulação elétrica da medula espinhal é uma alternativa à estimulação cerebral profunda. Nessa terapia, que já é aplicada no Brasil há vários anos em pacientes com Parkinson, uma região específica do cérebro passa a receber estímulos elétricos a partir de um “marca-passo” cerebral. Esse estímulo diminui alguns dos sintomas da doença, levando o paciente a ter maior controle sobre seus movimentos, por exemplo.

A desvantagem da técnica é que ela envolve uma cirurgia muito invasiva. A estimulação elétrica da medula espinhal seria, portanto, uma alternativa menos invasiva.

Fonte: G1 / Bem Estar


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