Audiência é realizada para discutir exploração do tálio em Barreiras

Texto: Cheilla Gobi

Fotos: Jayme Modesto

Após a descoberta de uma importante jazida do metal raro, Tálio no povoado Val da Boa Esperança, município de Barreiras, região oeste da Bahia, a exploração do minério foi tema de uma audiência pública na manhã deste sábado, 27, no Plenário da Câmara de Vereadores, realização da Comissão de Meio ambiente, Seca e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa da Bahia, através da deputada Kelly Magalhães.

A audiência contou com a participação do Diretor presidente da Itaoeste, empresa responsável pelas pesquisas que descobriram a existência do metal tálio, Olacyr Moraes, acompanhado por outros executivos da empresa, representantes do Ministério Público, das Secretárias Municipal e Estadual do Meio Ambiente, da Câmara Municipal de Vereadores, da Prefeitura Municipal de Barreiras, e a população de forma geral, especialmente dos proprietários de terras da comunidade do Val da Boa Esperança.

O minério Tálio é a única ocorrência mundial conhecida de associação de manganês, cobalto e tálio. O Tálio é um metal extremamente raro, estratégico e de alto valor, que atualmente só é produzido na China e no Cazaquistão. O preço do Tálio variou bastante entre 2005 e 2012 passando de US$ 2 o grama para US$ 7 o grama. Em apenas uma das áreas pesquisadas pela empresa Itaoeste, que detém a concessão para exploração e lavra da reserva, foi encontrado o equivalente para atender todo o consumo mundial, estimado em 10 toneladas anuais, pelo período de seis anos.

A audiência que teve como objetivo debater sobre a exploração do Tálio, consequências e benefícios, principalmente nos impactos ambientais causados com a extração e lavra do minério, surgiu uma série de questionamentos, muitos deles, sem um devido fundamento técnico, muitas dúvidas quanto a uma possível contaminação, destruição dos solos e rios.  

“Não viemos aqui para destruir nada, viemos para construir. Não vai agredir ninguém, o futuro para esta região na mineração é grandioso. Somos um povo pobre moldados em uma riqueza gigantesca que é o nosso Brasil, mas é muita burocracia, dificuldades”, assegurou Olacyr.

Os Técnicos da Itaoeste fizeram uma apresentação de quais condições e em que profundidade o mineral foi encontrado, mas ficou a desejar como se procederá a extração.

“Durante a apresentação se falou muito sobre o que é o minério e sobre as áreas de exploração, mas acho que também é importante ressaltar em primeiro lugar a metodologia de extração deste minério”, disse o promotor regional de meio ambiente, Eduardo Bittencourt, observando ainda que é importante ressaltar também como está se dando as tratativas como os proprietários e posseiros das áreas onde o minério foi descoberto.

Para o representante do CONDEMA, Anderson Pignata, o marketing com relação ao tálio é excelente, mas a extração precisa ser melhor discutida.

Segundo o diretor da Universidade da Bahia – UFBA/Barreiras, Jacques Miranda, esta discussão precisa avançar. “Eu e os meus colegas da Universidade devemos sair daqui hoje com o pensamento de que nós também precisamos internamente avançar nesta discussão. Quais os benefícios e malefícios do tálio? responder esta pergunta de forma técnica é muito fácil, neste momento só esta pergunta não é mais suficiente,” afirmou.

A deputada Kelly considerou a audiência positiva, enriquecedora para a população. Considerou também uma demonstração de respeito. “Conseguimos realizar uma audiência pública, onde o empresário assumiu seu compromisso com o povo de Barreiras, especialmente em se tratando do meio ambiente. Vamos buscar agora os meios fiscalizadores, através do governo”.

Kelly considerou válida a sugestão do secretário de meio ambiente sendo esta a criação de um conselho que possa acompanhar a empresa na execução dos trabalhos. “O governo é quem dar as licenças e se o governo não autorizar não acontece e no momento que estiver acontecendo, iremos convocar os órgãos do governo, a empresa e formar este conselho da sociedade civil para fiscalizar e acompanhar melhor”, afirmou a deputada.

Conforme os técnicos da Itaoeste, a empresa tem um pedido de lavra, e as demais áreas estão em fase de entrega de relatórios finais de pesquisas, portanto não chegou ainda na fase de licenças ambientais.


Compartilhe:

Comentários: