Coluna ValoRH: Saiba mais sobre o Assédio Moral

Especialista explica o que é o assédio moral e enumera as características que definem o perfil do assediador

As denúncias de situações de assédio moral são cada vez mais comuns na justiça do trabalho. Mas, será que todas essas queixas realmente correspondem a casos reais de assédio moral?

O assédio moral tem estreita ligação com o conceito de humilhação, que, segundo o dicionário Aurélio, significa “rebaixamento moral, vexame, afronta, ultraje. Ato ou efeito de humilhar (-se). Humilhar. Tornar humilde, vexar, rebaixar, oprimir, abater, referir-se com menosprezo, tratar desdenhosamente, com soberba, submeter, sujeitar (…)” .

Assédio moral é a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras,repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o, muitas vezes, a desistir do emprego. O tipo mais  comum é o assédio sob a forma de humilhação; ou como dizia o dramaturgo Nelson Rodrigues : O que dói na bofetada é o som!

Não se trata de algo que tenha surgido nos dias atuais, contudo, a precarização das relações de trabalho, a terceirização e a horizontalidade do processo produtivo concorrem para exarcerbar o problema. As pressões por produtividade e o distanciamento entre os órgãos dirigentes e os trabalhadores de linha de produção resultam na impossibilidade de uma comunicação direta, desumanizando o ambiente de trabalho, acirrando a competitividade e dificultando a germinação do espírito de cooperação e solidariedade entre os trabalhadores.

Este problema não se verifica apenas nos países em desenvolvimento. É um fenômeno que está presente no cenário internacional. Atinge homens e mulheres, altos executivos e trabalhadores braçais, a iniciativa privada e o setor público.

Nem sempre a prática do assédio moral é de fácil comprovação, porquanto, na maioria das vezes, ocorre de forma velada, dissimulada, visando minar a autoestima da vítima e a desestabilizá-la. Pode camuflar-se numa “brincadeira” sobre o jeito de ser da vítima ou uma característica pessoal ou familiar, ou, ainda, sob a forma de insinuações humilhantes acerca de situações compreendidas por todos, mas cuja sutileza torna impossível a defesa do assediado, sob pena de ser visto como paranoico ou destemperado.

“Atenção! Nem sempre a prática do assédio moral é de fácil comprovação”

Martha Halfeld Furtado de Mendonça Schmidt, em sua obra “O assédio moral no Direito do Trabalho”, enumera as características que definem o perfil do assediador, segundo um site em português (baseado em observações de trabalhadores):

1 – Profeta – Considera que sua missão é demitir indiscriminadamente os trabalhadores para tornar a máquina a mais enxuta possível. Para ele demitir é uma “grande realização”. Gosta de humilhar com cautela, reserva e elegância.
2 – Pit-bull – Humilha os subordinados por prazer, é agressivo, violento e até perverso no que fala e em suas ações.
3 – Troglodita – É aquele que sempre tem razão. As normas são implantadas sem que ninguém seja consultado, pois acha que os subordinados devem obedecer sem reclamar. É uma pessoa brusca.
4 – Tigrão – quer ser temido para esconder sua incapacidade. Tem atitudes grosseiras e necessita de público para conferí-las, sentindo-se assim respeitado (através do temor que tenta incutir aos outros).
5 – Mala-babão – È um “capataz moderno”. Bajula o patrão e controla cada um dos subordinados com “mão-de-ferro”. Também gosta de perseguir aos que comanda.
6 – Grande Irmão – Finge que é sensível e amigo dos trabalhadores não só no trabalho mas fora dele. Quer saber dos problemas particulares de cada um para depois manipular o trabalhador na “primeira oportunidade” que surgir, usando o que sabe para assediá-lo.
7 – Garganta – Vive contando vantagens (apesar de não conhecer bem o seu trabalho) e não admite que seus subordinados saibam mais que ele.
8 – Tasea (“tá se achando”) – É aquele que não sabe como agir em relação às demandas de seus superiores; é confuso e inseguro. Não tem clareza de seus objetivos, dá ordens contraditórias. Se algum projeto ganha os elogios dos superiores ele apresenta-se para recebê-los, mas em situação inversa responsabiliza os subordinados pela “incompetência”.

As organizações tem grande responsabilidade no combate ao assédio moral entre seus colaboradores. Para isso, é preciso informar e conscientizar os trabalhadores através, por exemplo,  da realização de eventos, tais como seminários, palestras, cursos, dinâmicas de grupo, etc.., em que haja a troca de experiências e a discussão aberta do problema, quanto a todos os seus aspectos, inclusive sobre  as formas como se exterioriza, as responsabilidades envolvidas e os riscos que dele derivam para a saúde da vítima, sem esquecer a importância de postura solidária dos colegas, em relação ao assediado.

Neste sentido, a política de recursos humanos deve envolver, também, a informação e a formação de chefias para lidar com estas situações. O posicionamento organizacional mediante  códigos de ética e de comportamento também se constitui em uma estratégia eficiente para determinar os “limites” do que se considera “aceitável”.

Fonte: iBahia


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