Um amplo inquérito nacional sobre abuso sexual infantil foi aberto na cidade australiana de Melbourne, onde espera-se que mais de 5 mil deponham para dar evidências sobre os “abusos e traumas deles consequentes”.
O inquérito vai analisar como grupos religiosos, ONGs, assistentes sociais e agências governamentais responderam às denúncias de abusos sofridos por crianças.
A criação da comissão foi anunciada em novembro pela primeira-ministra do país, Julia Gillard, como uma resposta a pressões parlamentares desatadas por acusações da polícia australiana de que a Igreja Católica do país teria escondido provas da ação de padres pedófilos.
Segundo a premiê, a comissão revelará “algumas verdades muito desconfortáveis” e sua criação representa um “momento moral importante” para a Austrália.
De acordo com integrantes da comissão, porém, é improvável que ela consiga completar sua tarefa até o final de 2015, como solicitado pelo governo, porque o escopo da investigação é muito grande no que diz respeito ao número de testemunhas e instituições analisadas.
Histórico
Em entrevista à rádio ABC, Julia disse que queria que a comissão representasse um “momento de cura” para as vítimas de abuso sexual infantil. “Por muito tempo, muitos desses sobreviventes tiveram de manter-se sob ‘portas fechadas’ e manter suas mentes fechadas”, afirmou a premiê.
Segundo a premiê, o inquérito lançará luz sobre algumas “verdades dolorosas” e deve fazer recomendações sobre práticas a serem adotadas no futuro para evitar novos abusos. “Como um país, desapontamos nossas crianças no passado. Precisamos entender o que podemos fazer como uma nação para proteger melhor nossos filhos no futuro.”
De acordo com o juiz Peter McClellan, escolhido para presidir a comissão, seus primeiros relatórios serão sobre a Igreja Católica e o Exército da Salvação. McClellan advertiu, porém, que o inquérito deverá ser “caro”, e pode comprometer “quantias muito significativas de dinheiro público”.
Audiências
A comissão tem seis integrantes e pelo menos um deles deve se sentar com cada vítima para ouvir sua história ao longo dos próximos cinco meses – ou até quando for necessário.
Estima-se que cada uma das vítimas precisará de pelo menos uma hora para dar seu depoimento. Nos últimos anos, denúncias de abusos de crianças por padres católicos escandalizaram a Austrália.
Em setembro, a Igreja Católica do estado de Victoria confirmou que mais de 600 crianças sofreram abusos nas mãos de seus sacerdotes desde 1930.
Durante uma visita à Austrália em julho de 2008, o então papa Bento 16 (hoje ” papa emérito “) encontrou algumas dessas vítimas e fez um pedido público de desculpas em nome da Igreja.
Fonte: Tribuna da Bahia
Imagem: Ilustração