Descoberta de uma jazida de metal raro foi pauta da sessão da Câmara de Vereadores de Barreiras

Texto e fotos: Cheilla Gobi

No dia 27 de fevereiro, o professor da Universidade Federal da Bahia, Clayton Janoni, da área de geologia, usou a tribuna da câmara de vereadores para falar sobre o minério Tálio, jazida descoberta no povoado Val da Boa Esperança, no município de Barreiras, única ocorrência mundial conhecida de associação de manganês, cobalto e tálio. O tálio é um metal extremamente raro, estratégico e de alto valor, que atualmente só é produzido na China e no Cazaquistão.

Conforme Janoni, a descoberta desses metais raros além de ser um grande achado para a pesquisa universitária, coloca Barreiras nas lentes de atrações mundiais.

“É um assunto que dia a dia vem chegando ao nosso conhecimento e ao mesmo tempo curiosa mediante a descoberta que o município de Barreiras se deparou de um tempo para cá, relacionada a ocorrência da presença de um minério extremamente raro presente exclusivamente no município de Barreiras, onde não há outras evidencias no Brasil e nem no continente americano,” esclareceu Clayton.

Em apenas uma das áreas pesquisadas pela empresa Itaoeste, que detém a concessão para exploração e lavra da reserva, foi encontrado o equivalente para atender todo o consumo mundial, estimado em 10 toneladas anuais, pelo período de seis anos.

A Superintendência do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM da Bahia foi informada sobre a descoberta da única jazida conhecida de Tálio em fevereiro de 2011.

A reserva total de tálio metálico é superior a 60 milhões de gramas na primeira área, onde a pesquisa foi concluída. Atualmente, o tálio é cotado a US$ 6 o grama.

É um metal macio e maleável e pode ser cortado com uma faca. Quando exposto ao ar, inicialmente apresenta um brilho metálico, porém rapidamente torna-se cinza-azulado semelhante ao chumbo. Quando exposto ao ar, forma-se sobre o tálio uma camada de óxido, por isso, é preservado mantendo-o sob a água.

Ele está na Tabela Periódica entre o mercúrio e o chumbo, dentro do grupo IIIA, juntamente com elementos índio e o gálio, essenciais na eletrônica atual.

O uso dos compostos de tálio é restrito à produção de objetos muito específicos, como lentes especiais e células fotoelétricas. O tálio pode ser empregado em materiais termoelétricos, supercondutores de alta temperatura.

Na medicina, como agente “descabelante”, o tálio fez muito sucesso no século IXX no tratamento da tinea, um tipo de micose cutânea. Ainda hoje, isótopos radioativos de tálio são empregados no diagnóstico de doenças cardíacas. Também pode ser usado como contraste em exames médicos.

De acordo com Clayton, o objetivo principal no uso da tribuna foi para levar informações e tentar contribuir com o conhecimento dos vereadores. “O nosso papel não é ambientalista, o nosso papel tem que ser racional, no ato de entender os dois lados e saber representar a relação espaço, sociedade e natureza”.

Clayton encerrou sua explanação dizendo: “Que a partir de agora os senhores passem a pensar que este é um assunto que vai chegar ao conhecimento da população de forma cada vez mais acelerada, principalmente dos moradores da localidade, ou seja a toda  sociedade barreirense. Este primeiro momento é de integração e discursões profundas entre vários segmentos, momento de entendimento.

O presidente da câmara Carlos Tito agradeceu o professor Clayton e franqueou a palavra aos vereadores para os questionamentos.

O principal foco dirigido ao professor foi vantagens e desvantagens principalmente nos impactos ambientais causados com a extração e lavra do minério.

O professor foi enfático em afirmar, que a sociedade para alcançar recursos precisa fazer uso da mineração, mesmo tendo que enfrentar as consequências. “Qualquer minério fica a ideia de sustentabilidade, relação espaço, sociedade e natureza. Sempre iremos entender que para se obter toda a acessibilidade de recursos, bens  que uma sociedade precisa, temos que fazer uso da mineração, e mediante tantos bônus, os ônus são consequências e esses ônus sabemos que no primeiro momento se projeta numa escala ambiental de comprometimentos dos recursos hídricos”, afirmou.


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