Em audiência, índios que invadiram museu recusam proposta da Funai

Fundação ofereceu quatro dias em albergue até uma solução definitiva.
Audiência de conciliação na Justiça Federal terminou em impasse às 18h.

Márcia Guajajara disse que hostel não tem espaço para a filha (Foto: João Bandeira de Mello)Os 21 índios que invadiram, no sábado (23), o atual Museu do Índio, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, recusaram, na tarde deste domingo (24) oferta feita pela Fundação Nacional do Índio (Funai) de quatro dias de hospedagem em um albergue, na Glória, também na Zona Sul, enquanto não há uma solução definitiva para moradia deles. A proposta foi feita durante uma fracassada audiência de conciliação na sede da Justiça Federal do Rio, no Centro.

Convocada pelo juiz federal Wilson Witzel, a audiência de conciliação terminou em impasse por volta das 18h. Os 21 índios – 19 adultos e duas crianças – deixaram o prédio da Justiça Federal e disseram que ficariam hospedados em casas de amigos. O juiz havia informado anteriormente que o grupo poderia passar a noite no prédio da Justiça Federal, mas eles também não quiseram.

Esse grupo, encabeçado por índios Guajajaras, é o mesmo que tentou resistir à decisão da Justiça e permanecer no antigo Museu do Índio, no Maracanã, Zona Norte, na sexta-feira (22). “O lugar [na Glória] que ofereceram é horrível, não tem nenhum espaço para as crianças”, criticou a índia Márcia Guajajara, ao deixar a sede da Justiça Federal, ao lado da filha.

 
Índio Arão da Providêncvia deixa a sede da Justiça Federal após audiência (Foto: João Bandeira de Mello)O advogado André de Paula, que representa a parcela dos índios que não aceita a realocação dada pelo Governo, disse que o grupo deve se encontrar nesta segunda-feira (25) com a procuradora da República Marylucy Santiago, para tentar uma negociação com a Justiça a fim de retornar para o terreno que eles chamavam de Aldeia Maracanã.

Invasão do museu atual
Os indígenas foram levados como testemunhas, após terem sido retirados pacificamente do atual Museu do Índio por volta das 7h deste domingo.

A ocupação do museu se iniciou na tarde de sábado (24). Na madrugada de domingo a Polícia Militar isolou a Rua das Palmeiras e negociou a saída dos indígenas e dos manifestantes, num total de cerca de 60 pessoas.

O grupo foi levado para a audiência na tentativa de haver uma conciliação entre os indígenas que não aceitam os locais oferecidos pelo governo do estado depois da desocupação do antigo Museu do Índio, no Maracanã, na Zona Norte, que terminou em confusão na sexta-feira (22).

‘Canteiro de obras’, diz juiz
Um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) foi intimado a comparecer à audiência, que havia sido suspensa por volta de 12h. A sessão foi retomada por volta das 14h.

 

Como juiz comentou, prédio da Lanagro é um canteiro de obras (Foto: João Bandeira de Mello)Nesse intervalo, o juiz Wilson Witzel, acompanhado dos índios, foi visitar um prédio ao lado da antiga sede do Museu do Índio, no Maracanã, oferecido pelo governo como moradia. Após a visita, o juiz constatou que o antigo prédio do Laboratório Nacional de agricultura Agropecuária (Lanagro) não tem condições de abrigar os indígenas. Ele disse que o local “parecia mais um canteiro de obras”.

A Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos  Humanos informou que jamais ofereceu o antigo prédio do Lanagro como moradia para os índios. Segundo a secretaria, o governo do estado ofereceu três terrenos e parte do grupo, que ocupava o antigo Museu do Índio, no Maracanã, na Zona Norte, escolheu o de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. No entanto, os indígenas dissidentes não aceitaram ir para o alojamento provisório nesse terreno, para onde parte do grupo foi na manhã deste domingo (24).

Fonte: G1


Compartilhe:

Comentários: