O Programa Bolsa Família (PBF) foi criado no Governo Lula, em 2003, para integrar e unificar ao Fome Zero, implantando no Governo de Fernando Henrique Cardoso. Assim como o bolsa família, o vale gás e o cartão alimentação, que faziam parte do programa do Governo FHC foram unificados e renomeados como Bolsa Família.
Esse programa tem ajudado muitas famílias pobres, definidas como aquelas que possuem renda per capita de R$ 70 até R$ 140 reais. Em contrapartida, para ter direito ao benefício é preciso que as famílias mantenham seus filhos ou dependentes com frequência nas escolas e vacinados. O programa pretende reduzir a pobreza a curto e a longo prazo através de transferências condicionadas de capital, o que, por sua vez, visa a quebrar o ciclo geracional da pobreza.
E foi para mostrar a eficiência do programa na vida das pessoas de baixa renda, que a equipe do médico Mauricio Lima Barreto, mestre em Saúde Comunitária da (UFBA), PhD em Epidemiologia, além de membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências da Bahia, aprofundou na pesquisa que foi realizada em 3000 mil municípios brasileiros e constatou que o PBF reduziu nos municípios aonde tinha alta cobertura – de 17% a mortalidade geral entre crianças, sendo que esta redução foi ainda maior quando considerou-se a mortalidade específica por algumas causas como desnutrição (65%) e diarreia (53%).
Conforme o coordenador do projeto, o médico Maurício Barreto, o objetivo principal foi averiguar como o PBF estava atuando na vida das famílias mais carentes. “A gente tem o interesse de estudar a saúde da população, que se dá devido determinados fatores. A saúde não é só um ato médico, mas sim, um reflexo em decorrências de diversos fatores e decidimos pesquisar sobre o bolsa família, que é um programa de grande impacto social”.
Barreto ainda ressaltou que depois da pesquisa pôde perceber a importância dessa ajuda na vida das famílias pobres. “O programa é de política social e precisa ser reajustado, mas percebemos que depois que as famílias começaram a receber essa pequena ajuda do programa, pôde salvar muitas vidas, principalmente, reduzir a mortalidade infantil”.
A pesquisa foi publicada nessa quarta-feira (15/5) pela conceituada revista inglesa The Lancet publica, mostrando o estudo inédito que avalia a relação entre o Programa Bolsa Família (PBF) e a redução da mortalidade entre crianças brasileiras menores de cinco anos.
A pesquisa, que se concentrou no estudo do período de 2004 a 2009, teve como objetivo avaliar o efeito do PBF sob as taxas de mortalidade em crianças menores de cinco anos nos municípios brasileiros, centrando-se em causas associadas à pobreza, como a desnutrição, diarreia e infecções respiratórias, além de alguns dos potenciais mecanismos intermediários, tais como vacinação, assistência pré-natal e internamentos hospitalares.
A explicação do efeito do PBF é que o aumento da renda permite o acesso das crianças, a alimentos e outros bens relacionados com a saúde. Esses fatores ajudam na redução da pobreza das famílias, melhora as condições de vida, elimina as dificuldades no acesso à saúde e consequentemente, contribui para diminuição das mortes entre crianças. O programa é visto como ponto positivo e outros países pensam em adotar esse modelo para salvar pessoas da fome.
A pesquisa foi conduzida por Davide Rasella, mestre em Saúde Comunitária e doutor em Saúde Pública (ISC-UFBA) como parte do seu programa de doutorado no ISC e liderada pelo médico Maurício Barreto.
Fonte: Tribuna da Bahia
Imagem: Ilustração