Marcha das Vadias aconteceu em Barreiras

Texto e fotos: Cheilla Gobi

Nesta segunda-feira, 27, a população de Barreiras pôde conferir um movimento jamais visto na cidade, a “Marcha das Vadias” com tema, “Não é sobre sexo é sobre violência”. Tal movimento teve como objetivo protestar contra a violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial a mulher.

De acordo com a psicopedagoga e uma das organizadoras do evento, Maureen Coité uma das justificativas para a realização da Marcha na cidade é o crescente número de registros de ocorrência na Delegacia de Atendimento à Mulher -Deam passando de 477 registros em 2009; 512 registros em 2010; 562 em 2011 e, até a metade de agosto, 339 mulheres procuraram o local este ano.

“A estrutura é deficiente, sem falar que a Deam/Barreiras não funciona nos finais de semana, ainda é um dos poucos lugares que as mulheres têm para procurar ajuda na cidade. Conforme os dados registrados têm um resultado de duas mulheres violentadas diariamente, sem falar dos casos que não são registrados,” afirmou Maureen.


Frases em cartazes chamavam à atenção.

A estudante de engenharia agronômica, Amanda Araújo, 19 anos falou da importância em participar de movimentos como este. “E de extrema importância realizarmos e participarmos de movimentos como este, é uma forma de alertarmos a população sobre a violência contra a mulher. Temos casos de violência sexual que ficam escondidos, e esta mobilização serve para causar impacto, e para falarmos deste tema temos que ser impactantes,” falou a jovem.

O cronograma de atividades em Barreiras teve início dia 28 de julho com três oficinas de criação dos materiais para a Marcha e seguiu com as arrecadações de doações para os bazares realizados durante três dias nas principais feiras da cidade. Os preparativos foram finalizados no dia 25 de agosto com Saraus na Uneb e na Praça Castro Alves e uma intervenção lúdica na feira do Centro com a Cia Teatrando.

O grupo organizador constitui-se de mulheres e homens preocupados com as violências sofridas pelas mulheres e busca iniciar um processo sério de discussão sobre o tema, trazendo a pauta para o cotidiano da sociedade barreirense. Conforme Maureen, o movimento não terminou, está apenas começando. “A marcha não acaba hoje, este movimento começa hoje e através desta mobilização vamos abrir as portas da mente das pessoas alertando-as que a violência contra a mulher em Barreiras é real,” disse a organizadora.



Vadia Criada em 2011, em Toronto (Canadá) a Marcha foi deflagrada como protesto à expressão de um policial, durante palestra, aconselhando as mulheres a vestir apenas roupas ‘comportadas’ para evitar os estupros. Revoltada com este pensamento, uma das idealizadoras do movimento, a canadense Heather Jarvis, afirmou que todas as mulheres devem ser respeitadas.

De acordo com maureen o lema é: “Não ensinem as mulheres a temer, ensinem os homens a respeitar,” “É isso que buscamos, e mesmo as vadias prostitutas, merecem respeito,” ressaltou.

O movimento contou com o apoio da UFBA, UNEB e Polícia militar.


Compartilhe:

Comentários: