Legalização de apostas esportivas terá que coibir fraudes

Além da arrecadação de impostos e da geração de empregos, a legalização das apostas esportivas no Sportingbet ou em outros sites pode ajudar em outras frentes, segundo especialistas. Uma delas é no próprio combate a fraudes nos eventos esportivos, além de contribuir no controle de jogadores compulsivos.

“Quando tivermos a indústria operando no País, a regulamentação conseguirá estabelecer mecanismos de prevenção, identificando palpites que fogem do normal ou um resultado que foge do esperado aliado a um grande volume de apostas”, defende o advogado Luiz Felipe Maia.

Sem o setor legalizado, atualmente diversos sites estrangeiros aceitam lances em partidas de divisões inferiores do futebol brasileiro, sempre mais propícias para tentativas de fraude. Em 2016, a Polícia Civil de São Paulo desbaratou uma quadrilha internacional que manipulava partidas em diversos campeonatos brasileiros, especialmente as divisões inferiores do campeonato Paulista e nos estaduais do Nordeste.

Batizada de ‘Game Over’, a operação descobriu que asiáticos chegavam a pagar US$ 30 mil para que equipes perdessem de propósito por largos placares, ao mesmo tempo em que apostavam grandes quantias nesses resultados improváveis ao redor do mundo. A prática, porém, não é recente e nem restrita aos pequenos clubes.

No caso mais famoso do Brasil, a chamada ‘Máfia do Apito’ fez com que 11 partidas do Brasileirão fossem anuladas por suspeita de manipulação – todos apitados pelo árbitro Edilson Pereira de Carvalho, acusado de ter vendido os placares a apostadores. “É preciso ter medidas que permitam proteger a integridade do esporte. É um ponto fundamental”, argumenta o professor da FGV, Pedro Trengrouse.

“Sem isso, e havendo manipulação, se perde a essência do esporte e até a razão das apostas. Quem vai apostar em algo viciado?”, continua o professor. Tirando o setor dos porões da ilegalidade, será muito mais fácil saber quem apostou e identificar possíveis fraudes. Maia lembra ainda que, das gigantes das apostas online, como a Bet365, boa parte já possui capital aberto, que exige um nível de compliance muito alto.

“Praticamente não existe a possibilidade de fazerem algo ilegal, porque as consequências seriam muito graves”, aposta o advogado. Maia ainda sustenta que a regulamentação pode ajudar até no combate ao vício. “Poderemos, por exemplo, ter políticas de jogo responsável, que é um aspecto muito relevante”, defende o advogado. Um dos possíveis mecanismos para o jogo online, segundo Maia, é a autoexclusão, um cadastro unificado em que o jogador que tem problemas com as apostas se inscreve voluntariamente, e, com isso, os sites licenciados no país proíbem os prognósticos dele.

Fonte: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/empresas_e_negocios/2019/04/679514-brasil-o-bilhete-da-vez-nas-apostas-esportivas.html


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