Baiano da encosta da Chapa Diamantina, Jozailto Lima é jornalista e poeta em Aracaju. Apesar de nunca ter visitado São Desidério, tem poemas sobre o município em virtude de algumas lembranças de sua infância. O pai dele levava cavalos de São Desidério, como ele mesmo descreve. “São Desidério é uma lembrança sonora em minha memória. Pai e tios sempre falavam dela e na infância louvavam os cavalos que traziam daí para Várzea do Poço”.
Em seu livro Viagem na Argila o poeta cita São Desidério. A obra é dividida em cinco partes com 142 poemas sobre seu modo pessoal de ver o mundo, dentre eles o poema abaixo.
Cavalos de São Desidério
sempre, desde infância, tropeei
sobre cavalos de São Desidério
embora nunca soubesse
ao certo em que oeste e mistério
se escondesse São Desidério
e que cavalos seriam aqueles
de passo-picado, marcha franca
e tanta cobiça comercial no bem
longe de São Desidério e da infância
até o dia em que um tio, sob o bater
de sinos, subiu aos céus no lombo
de um equino marchador de São Desidério,
foi recebido com bota, espora e circunstância
e me disseram que o paraíso ficaria ali
nas cercanias de Santa Maria da Vitória.
antes de subir aos céus, ou baixar
aos infernos, tenho o desiderato de ver
de perto, em seus pastos, os cavalos
de São Desidério, e desvendar porque levei seus
fôlegos, suas marchas e seus tropéis a tão sério.
Ascom São Desidério
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