O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros (taxa Selic) de 7,25% para 7,50% ao ano. Segundo comunicado, a decisão, “sem viés” (o que não dá pistas sobre uma nova alta ou um corte), foi tomada por seis votos a favor. Dois votos foram no sentido da manutenção da atual taxa. A última alta da Selic promovida pelo Copom foi feita na reunião de 20 de julho de 2011, quando a taxa subiu de 12,25% para 12,50%.
A inflação, informa o comunicado do Copom, foi o que motivou a decisão. “O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária. Por outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela”, explica a nota.
A decisão rompe uma sequência de três reuniões do Copom, em que o juro básico da economia brasileira havia sido mantido em 7,25% anuais —menor patamar da história recente, desde outubro do ano passado, quando o BC encerrou um ciclo de cortes iniciado em agosto de 2011.
Votaram pela elevação da taxa Selic para 7,50% ao ano os seguintes integrantes do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 7,25% ao ano Aldo Luiz Mendes e
Tanto o setor produtivo quanto o de serviços são contrários à decisão do Copom.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou, em nota, que reconhece a importância do controle da inflação, mas lamenta que o comitê tenha optado pelo caminho de combate à alta inflacionária com maiores danos à atividade produtiva.
Segundo a entidade, o aumento dos juros é “extremamente” prejudicial à indústria, “que já vem sendo atingida por custos crescentes”
Já a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo ( Fecomercio-SP), afirma, em nota, que as autoridades econômicas poderiam ter cogitado outro caminho para lidar com a questão, como a retomada dos investimentos públicos, direcionamento de gastos e mudanças nas metas de inflação para números mais realistas.
A entidade destaca, ainda, que o aumento da taxa básica de juros pode ser um obstáculo para a retomada do ritmo de crescimento do País.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) também criticou, em nota, a decisão do Copom. Para a entidade, o aumento era previsível diante da deterioração do quadro inflacionário, mas poderia ter sido evitado caso “tivesse sido adotada uma política fiscal que aliviasse a pressão sobre os preços”.
Ao contrário da Fecomercio-SP, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) foi neutra em seu posicionamento.
“Parece indispensável que o governo procure utilizar a política fiscal como instrumento adicional para o controle da inflação, para evitar que o Banco Central seja obrigado a apertar a política monetária”, aconselha Rogério Amato, presidente da associação, em nota divulgada à imprensa.
Fonte: Tribuna da Bahia
Imagem: Ilustração