Entrevista: Psicóloga Mayra Ferreira fala sobre Junho Branco e o período de pandemia


 

Junho Branco é o mês de conscientização e prevenção do uso de drogas. Neste ano, junto ao tema em destaque também foi abordada as interferências relacionadas à pandemia da Covid-19, principalmente devido ao distanciamento social. Confira a entrevista da psicóloga Mayra Ferreira sobre esse tema, para o Jornal Gazeta do Oeste.

Texto: Ivana Dias

Jornal Gazeta do Oeste – O Junho Branco trata da prevenção do uso de drogas. Qual a relevância da prevenção no contexto em que vivemos?

Mayra Ferreira – Nesse cenário atual é importante pensarmos em medidas preventivas do uso de drogas, pois com o isolamento social, a alta incidência de mortes em decorrência da pandemia. Tem sido crescente o número de pessoas com crises de ansiedade, depressão, Síndrome do Pânico, entre outros transtornos, e infelizmente o abuso de substâncias para alterar a realidade pode servir de válvula de escape para lidar com os efeitos dessa situação.

JGO – É possível a família identificar se um jovem/adolescente está usando drogas? Quais comportamentos podem ser identificados?

Mayra Ferreira – Sim, é possível identificar, é preciso estar atento tanto às mudanças sutis quanto as mais drásticas, como o isolamento prolongado, alterações de humor, inércia, alterações do apetite, inquietação, trocar de amigos repentinamente, maior descontrole e/ou necessidade de dinheiro, alterações na rotina de sono. Vale lembrar que além das drogas ilícitas, existe o consumo também das drogas lícitas que causam dependência tanto quanto as demais.

JGO – Como ajudar?

Mayra Ferreira – O diálogo aberto é fundamental, estabelecer vínculo e confiança, para que eles saibam que podem recorrer aos responsáveis. Prestar atenção às mudanças no comportamento, buscar acompanhamento profissional com um psicólogo (a), psiquiatra e quaisquer outros que sejam necessários.

JGO – O período pandêmico interferiu de alguma forma nas consequências e no uso de drogas?

Mayra Ferreira – Sim, pois estamos vivenciando um adoecimento coletivo por conta de toda problemática ressaltada na questão. O abuso de tal substância tem a finalidade de alterar a realidade que está sendo vivenciada na atualidade causando assim, a dependência. Vale enfatizar que estamos direcionando a entrevista para um tema específico no caso (o abuso de substância ilícitas no período pandêmico).

JGO – Quais os principais fatores podem ter contribuído para essa mudança?

Mayra Ferreira – Fatores como isolamento social, aumento de pessoas com depressão, crise de ansiedade, Síndrome do Pânico, perda de emprego, medo da morte causada pelo vírus, entre outros transtornos.

JGO – Os casos de ansiedade e depressão agravam/potencializam o uso de drogas?

Mayra Ferreira – Sim, em alguns casos ocorre o aumento e até mesmo a dependência, deste modo, não pode generalizar, pois cada indivíduo é único e traz consigo sua bagagem de vida.

JGO – A que está associado, por exemplo, o uso excessivo de álcool?

Mayra Ferreira – Volto a enfatizar que algumas pessoas têm tendência a comportamentos compulsivos, com variação apenas do objeto. É preciso analisar os casos individualmente.

JGO – De que forma as drogas agem e interferem na saúde mental dos usuários?

Mayra Ferreira – Além de alterar a percepção de situações e alterações da consciência é um processo gradativo que varia de caso a caso.

JGO – Quais as principais consequências?

 Mayra Ferreira – Distanciamento familiar na maioria dos casos, abandono de atividades rotineiras como emprego, vida social, relacionamento amoroso, amigos antigos, descontrole financeiro. Essa pergunta é bem relativa, pois essas características não aplicam a todos os casos.

JGO – Como cuidar da saúde mental nessa situação?

Mayra Ferreira – Observando a mudança de nosso comportamento procurando assim, ajuda profissional (psicóloga e/ou psiquiatra) se for preciso, cultivar hábitos saudáveis, como, alimentação balanceada, exercício físico e sono regular. Vale ressaltar aqui que é preciso alimentar também um hábito do diálogo para assim evitarmos o acúmulo de problemas e pensamentos distorcidos em torno de algum problema que venha a ser mal interpretado pelas partes envolvidas.

 

 

 

Mayra Ferreira

Psicóloga Clínica – CRP-03/14038, formada em Psicologia pelo Centro Universitário São Francisco de Barreiras – UNIFASB. Pós-graduada em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, pela Universidade Estácio de Sá. Atendimento Clínico em Terapia Familiar Sistêmica. Adolescente, adulto e casal.

 


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