Janeiro Branco, Saúde Mental e Comportamento Alimentar

O ato de comer vai além de saciar a fome ou suprir necessidades nutricionais. Foto: Reprodução.

 

O mês de Janeiro é marcado por ser o mês em que ações são desenvolvidas com o intuito de chamar a atenção da sociedade com relação aos cuidados com a saúde mental e emocional. Acompanhando outras campanhas famosas como Outubro Rosa e Novembro Azul, o Janeiro Branco é a bola da vez.

Ao falar sobre saúde mental/emoções, por diversas vezes, pode-se encontrar tabus e resistências, especialmente em tempos de pandemia, como o que estamos vivenciando nesse momento, onde gatilhos emocionais estão em constante ativação, quer seja pelo isolamento social, depressão, ansiedade e incertezas com relação ao que virá futuramente.

Cuidar da saúde mental faz ou deveria fazer parte do cotidiano das pessoas, quando se trata de autocuidado. Ouvir nossas necessidades, perceber os sinais de quando estamos emocionalmente bem e procurar ajuda para alcançar qualidade de vida e equilíbrio. Agir dessa maneira deveria ser um exercício diário e um caminho para se alcançar o bem estar biopsicossocial.

Por falar em saúde mental/ emoções, é importante frisar que ambas influenciam diretamente no comportamento alimentar, pois, muitas vezes, o desejo ou não de comer passa por novas emoções e se sobressaem às necessidades fisiológicas.

O comportamento alimentar é composto por determinantes internas como: aspectos psicológicos, sentimentos e aspectos externos, tais como os financeiros, culturais, sociais, influência da mídia, etc.

Quando passamos por momentos de tristeza, luto, ansiedade, euforia, medos, fobias, estamos sujeitos às alterações no comportamento alimentar, de modo que pode incorrer em consumo excessivo de alimentos, ou então, ocasionar a restrição alimentar, logicamente, se manifestando de modo individual e exclusivo em cada pessoa. É aí que a percepção da fome fisiológica passa a ser alterada e a fome emocional se torna um gatilho iminente.

Antes de tudo, é preciso compreender que o ato de comer vai além de saciar a fome ou suprir necessidades nutricionais. As pessoas geralmente comem para isso, e por vezes, nem sequer sabem disso. Contudo, comem igualmente para sentir prazer, em busca de afeto, empatia, socialização, etc., e, quando se alimentam por essas razões, acabam o fazendo dentro de um equilíbrio nutricional/emocional, e isso não necessariamente deve ser visto com um problema em si.

Aprender a identificar os sinais de fome e saciedade é muito importante para evitar o desenvolvimento de compulsão ou restrição alimentar. Essas situações favorecem o comportamento do estado nutricional tanto para o excesso quanto para a carência, como ocorrem em casos de obesidade ou anorexia/bulimia, por exemplo.

A fome fisiológica é inerente e necessária à vida humana. É essencial fornecer alimento para nutrir o corpo, para que assim, possamos ter energia para desenvolvermos nossas atividades diárias. Não nutrir com alimento, em algum momento, comprometerá a saúde física e favorecerá o surgimento de doenças.

A fome emocional, não é para nutrir a parte biológica, mas sim as nossas emoções ou suprir o que muitas vezes está em desequilíbrio em nossas vidas. Esse tipo de alimentação se parece mais com um alimento pra alma.

Vale ressaltar a importância de campanhas de prevenção e informação como a do Janeiro Branco para a proteção da saúde mental e para apresentar à sociedade que há caminhos e possibilidades de tratamento dessas enfermidades e que há profissionais especializados, como nutricionistas e psicólogos, que formam uma rede de proteção especializada para todas as pessoas nessas situações.

Assim, o Janeiro Branco alerta para o valor de dar início esse novo ciclo de forma mais benéfico e tranquilo. Preocupar-se com as  emoções deve ser o primeiro objetivo para o ano que começa, já que todas as outras conquistas estão amarradas à estabilidade psicológica. Um eficaz controle emocional é a chave para conseguir uma vida plena e repleta de realizações.

Autora:

                                                                           

Hyolanda Campos                              Nutricionista –  CRN 4487                                    Graduada na Universidade Federal do Recôncavo

 

 

                                                                     

 

                                                                                                                                                                                      


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