Perícia confirma que espuma da Kiss liberou cianeto durante incêndio

Laudo que faltava para conclusão do inquérito foi entregue em Santa Maria.
Gases tóxicos são apontados como causadores de 234 mortes por asfixia.

Delegados Perícia Santa Maria Kiss (Foto: Thays Ceretta/RBS TV )O último laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) sobre o incêndio na boate Kiss foi entregue à Polícia Civil de Santa Maria nesta terça-feira (19). E segundo os delegados responsáveis pela investigação, a perícia confirmou que o tipo de espuma usada no teto e nas paredes da casa noturna como revestimento acústico liberou gases tóxicos durante a queima, como cianeto e monóxido de carbono.

Esses gases são os mesmos apontados pelos exames de necropsia como os causadores da morte de pelo menos 234 das 241 vítimas da tragédia. Segundo a análise do IGP, todas as pessoas que morreram dentro da boate no dia 27 de janeiro foram vítimas de asfixia, e não de queimaduras ou outros ferimentos. Outras sete pessoas morreram posteriormente, internadas em hospitais.

“Foram feitos testes de queima e de velocidade de queima. E hoje retornou um laudo de oito páginas, onde se constatou que a queima dessa espuma produz monóxido de carbono, dióxido de carbono e gás cianídrico (cianeto)”, afirmou o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony. 

A perícia na espuma era o documento que faltava para a polícia concluir o inquérito, que já soma mais de 10 mil páginas e deve ser remetido à Justiça até a sexta-feira (22). Anteriormente, os investigadores já haviam recebido os laudos sobre o incêndio, com informações sobre a engenharia e os itens de segurança da boate, entre outros exames.

Agora, os delegados à frente das investigações concentram o trabalho na revisão do relatório final, uma espécie de resumo dos quase dois meses de investigações. O documento, que vai apontar os possíveis responsáveis pela tragédia e os prováveis indiciados, já soma mais de 100 páginas e também deve ser entregue até o final de semana.

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 241 mortos na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas por investigadores:

– O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
– Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
– A banda comprou um sinalizador proibido.
– O extintor de incêndio não funcionou.
– Havia mais público do que a capacidade.
– A boate tinha apenas um acesso para a rua.
– O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
– Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
– 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
– Equipamentos de gravação estavam no conserto.

Fonte: G1


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