Desde às 7h dessa terça-feira (14/5) o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) está funcionando com apenas 30% de seus médicos. Eles não aceitaram o percentual de reajuste das gratificações oferecido pelo secretário municipal de saúde, Antônio Rodrigues. Apesar de funcionar com o mínimo de pessoal exigido por lei, os médicos acreditam que os casos de emergências com riscos de morte serão todos atendidos.
“O Samu atende diariamente muitos casos que não seriam obrigação de seus médicos, porque acabamos por suplantar a carência do sistema básico de saúde do município, por isso acreditamos que mesmo com o número reduzido, vamos dar conta das urgências”, disse a médica do Samu, Maria do Socorro Campos.
A médica, que é também diretora do Sindicado dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed-BA), explica que muitos dos atendimentos se deve a incapacidade das unidades de saúde do município de suprir a demanda da população. “Chegamos a ser deslocados para fazer o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que seria obrigação de um órgão do município que só existe no papel. Além disso, muitos dos casos não poderiam ser caracterizado como urgentes, mas sabemos se não formos podem se tornar urgentes pelas deficiências das unidades de saúde em alguns bairros”, explica.
Condições de trabalho
Para a médica, esse é só mais uma das particularidades da rotina dos médicos do Samu que demonstram a necessidade de maior atenção por parte da prefeitura. “A questão dos salários está no topo de uma situação ainda mais complicada, que inclui as difíceis condições de trabalho”, ressalta. Ela lembra que mesmo com todas as dificuldades o Ministério da Saúde considera o desempenho do Samu de Salvador um dos melhores do Brasil.
Entre as dificuldades encontradas pelos profissionais do Samu, Maria do Socorro Campo aponta o número insuficiente de médicos como um dos principais.
“Há escalas que deveriam contar com sete médicos e, muitas vezes, temos apenas dois disponíveis. Isso ocorre com os médicos que fazem intervenção nas ruas e também com os que trabalham na Central de Regulação”, conta.
A falta de estrutura da Central de Regulação e das bases descentralizadas são outros destaques negativos. “A central, que é o coração e o cérebro do Samu, onde se oferece o primeiro atendimento, pelo telefone, falta de tudo um pouco, e em dias de chuva, os médicos têm que se preocupar em colocar baldes para conter as goteiras. As bases não têm espaço para repouso dos médicos, para a sua alimentação, nem para a higienização das ambulâncias”, relata. Ela ressalta ainda que tanto as bases quanto a central do Samu em Salvador estão fora dos padrões exigidos pelo Ministério da Saúde.
Segundo nota da prefeitura, algumas reivindicações de melhoria das condições de trabalho já estão sendo atendidas,como, por exemplo, a reforma da Central de Regulação, que está em andamento. Já as bases descentralizadas, segundo a nota, passarão por adequações físicas em breve.
Fonte: Tribuna da Bahia