Obesidade masculina afeta espermatozoides e pode ser ‘herdada’ por filhos, diz estudo

Pesquisador afirma que, se implicações forem comprovadas, homens também terão que se cuidar quando quiserem ampliar a família.

obesidade (Foto: Rede Globo)

Estudo pode indicar que homens também precisam ter um cuidado especial com a saúde no período em que quiserem ter filhos (Foto: Rede Globo)

Uma pesquisa realizada na Dinamarca sugere que o peso do homem afeta as informações contidas nos espermatozoides e pode fazer com que os filhos tenham propensão à obesidade.

Os cientistas da Universidade de Copenhague sugerem que os espermatozoides de homens magros e gordos têm marcadores epigenéticos diferentes, o que talvez possa mudar o comportamento dos genes.

“Quando uma mulher está grávida, ela precisa se cuidar. Mas, se a implicação de nosso estudo for verdadeira, então as recomendações devem ser dirigidas aos homens também”, disse Romain Barres, autor da pesquisa.

No estudo, publicado na revista especializada Cell Metabolism, foram examinados os espermatozoides de seis homens obesos, que estavam passando pelos procedimentos necessários para cirurgia de perda de peso.

Os cientistas analisaram material colhido dos pacientes antes do tratamento, uma semana depois da cirurgia e um ano depois do procedimento.

Mudanças
Barres afirmou que as mudanças nos espermatozoides podiam ser notadas já na semana seguinte à operação.

O pesquisador afirmou que, apesar da configuração genética dos espermatozoides provavelmente permanecer a mesma, foram notadas “mudanças epigenéticas”, que podem mudar a forma como um gene se manifesta no corpo.

Barres admite que ainda é necessária uma conclusão científica definitiva para descobrir como essas mudanças afetam o gene.

No entanto, as alterações nos espermatozoides registradas pela equipe de cientistas estão ligadas aos genes conhecidos por controlarem o apetite e por regularem o desenvolvimento do cérebro.

O estudo, de cinco anos, também registrou mudanças semelhantes ao comparar espermatozoides de 13 homens magros – todos tinham IMC (Índice de Massa Corporal) abaixo de 30 – com os de dez homens moderadamente obesos.

Barres disse que as descobertas já tinham sido verificadas em camundongos e ratos.

O cientista sugeriu possivelmente existir uma razão evolucionária para a informação do peso do pai ser importante para os descendentes.

Segundo a teoria de Barres, em tempos de abundância isso poderia ser uma forma instintiva de estimular os filhos a comer mais e ficarem maiores.

“Só recentemente a obesidade deixou de ser uma vantagem. Há algumas décadas apenas, a habilidade de acumular energia era uma vantagem para resistir a infecções e períodos de fome”, afirmou.

Allan Pacey, professor da Universidade de Sheffield, na Grã-Bretanha, descreveu o estudo dinamarquês como “interessante” e afirmou que ele fornece mais provas para dar base à teoria de que algumas características podem ser passadas pelos espermatozoides sem que seja alterada a estrutura básica do código genético.

“O estudo examina uma número relativamente pequeno de indivíduos, mas o fato de que estas diferenças significativas podem ser encontradas nos marcadores epigenéticos de homens magros e obesos é intrigante. E, na minha opinião, vale a pena uma investigação mais detalhada”, disse.

“Até descobrirmos mais, quem quer ser pai ou mãe deve tentar ser mais saudável possível no momento da concepção e não ser atraído por dietas da moda ou outras atividades para tentar influenciar a saúde de seus filhos de maneiras que ainda não compreendemos completamente”, acrescentou.

Donte: G1/Bem Estar


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