Vereadores reprovam contas da Prefeitura de Morpará

Seis votos a favor e três contra, este foi o resultado da primeira votação secreta do parecer da Comissão de Finanças, Orçamentos e Contas da Câmara Municipal de Vereadores de Morpará, que reprovou as contas do Executivo, referente ao ano de 2010. Contrariando assim, a decisão do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que aprovou todas as contas da prefeitura, julgadas até o momento (2009/2010).

A sessão plenária do legislativo local, desta sexta-feira, 25, contou com um aparato policial jamais visto na cidade. Homens das policias civil e militar, de posse de armas de porte calibre como metralhadoras e pistolas automáticas, e duas viaturas isolaram parte da pequena sede da Câmara de Vereadores, localizada na Praça São Pedro, para evitar a aproximação da população que se aglomerava em frente ao prédio. Um verdadeiro teatro de exibição armamentista, que se confundi totalmente com o espírito pacífico e ordeiro da população morparaense.
A solicitação do reforço da segurança foi motivo de crítica por parte da população que demonstrou irritação pela atitude da vereadora Ednalva Pereira de Almeida (PR), presidente da Câmara, que fez a solicitação da presença dos policiais. “O povo de Morpará é um povo ordeiro, não é bandido. Nunca foi registrado ha história da cidade atitudes que fossem de encontro à lei”,reclamava um senhor, enquanto aguardava o término da sessão, do lado de fora.
Com discursos inflamados, a bancada da situação – resumida em apenas três vereadores, depois da recente debanada de três aliados para o grupo da oposição, sem motivos aparentes, apesar de vários boatos circularem na cidade de um suposto esquema de uso de força econômica – fez duras críticas aos vereadores que não acataram a decisão do TCM. O vereador Carlos Alberto Almeida de Oliveira (PSB), conhecido como Betinho da Catanga, disse que seus colegas que votaram contra ao parecer aprovado por um órgão tão competente e respeitado como o TCM, traiu não somente seus partidos, mas ao povo. “Sinto-me envergonhado com os colegas que ontem parabenizavam o prefeito pela lisura e a responsabilidade com a coisa pública e hoje, para minha surpresa, fazem o que fizeram. Quero que os colegas saibam que assim como o povo bota, o povo tira”,pronunciou Betinho.
Com discurso parecido, o vereador Miguel Alves (PC do B), classificou como revoltante e decepcionante a reprovação das contas do Executivo e discriminatório o fato da presença de uma tropa fortemente armada no município, para proibir que o povo exerça o direito de participar e assistir a sessão plenária. “Presenciamos em um período não muito distante, contas de prefeitos rejeitadas pelo TCM por motivos absurdos, como desvios de recursos públicos e nem por isso o Legislativo de Morpará acompanhou a decisão, inclusive sobre conhecimento de colegas que votaram hoje contra a moralidade”, revelou Miguel, sugerindo em seguida que a população trate da mesma forma os vereadores que a proibiu de entrar no paço municipal. “As portas hoje foram fechadas para o povo. Quando esses que compactuaram com esta decisão foram pedir seus votos, batam a porta na cara, para eles sentirem o gosto da discriminação”, insinuou.
O vereador Samuel Alves Barreto (PC do B), também reforça a posição dos seus colegas de bancada. Para Samuel do Sindicato, como é mais conhecido, o que aconteceu na Câmara de Morpará neste dia 25 de maio ficará para a história do município como o “dia da traição e do abuso de força”, referindo-se à mudança repentina de posição de alguns vereadores e à presença maciça de policiais na cidade. “Quem se comporta como os vereadores que passaram a ser oposição recentemente não merece atenção do povo. Imagino com que cara essas figuras pedirão votos”, salientou Samuel.
Em relação à presença do reforço policial, ele comparou ao período ditatorial. “Mesmo com respeito às polícias, podemos dizer que foi implantado neste dia 25 de maio em Morpará o AI1”, fazendo analogia ao ‘Ato Institucional número 1’, que deflagrou a ditadura militar nos anos 60.
Do lado de fora da Câmara, debaixo de um sol escaldante, no horário de quase meio dia, centenas de pessoas, boa parte protegida por guarda-chuvas, se manifestavam aos gritos de “Traidores”, “Viva a democracia” e “fichas sujas”, sem agressões verbais e, ou, físicas, ao se referir aos vereadores de oposição. O prefeito Morpará Sirley Novais (Lelei), que acompanhou toda a sessão, foi ovacionado pela população, que o recebeu com uma verdadeira festa, chegando a ser carregado nos braços.
Segundo o prefeito, mesmo sendo aprovada pelo TCM, a não aprovação de suas contas por seus adversários políticos é um afronte à democracia, onde o que prevaleceu foi a manobra política, arquitetada por grupos que possuem interesses escusos na sucessão municipal. Segundo Lelei, é triste e instigante saber que os vereadores que tiveram todo o ano para inspecionar, fiscalizar e acompanhar as contas públicas, tanto no TCM, como na própria Casa Legislativa durante sessenta dias e na Prefeitura durante doze meses, não encontraram irregularidades, ao contrário, parabenizaram, e agora decidem pela reprovação. “Fomos elogiados todo o tempo pela maneira transparente, coerente e correta pelos mesmos vereadores que agora reprovam nossas contas, sem ter feito antes se quer uma denúncia contra as mesmas”, se diz surpreso. Em relação à presença da polícia, o prefeito também condenou. Conforme ele, a presidente da Casa deve reforçar a solicitação de reforço policial para combater a criminalidade no município e não para intimidar o cidadão de bem. “Nunca vi a presidente da Câmara se manifestar sobre os crimes ocorridos em nossa cidade. Não é o cidadão que deve ser intimidado”, salientou, declarando em seguida, que está feliz por representar um povo que defende a democracia plena e repudia a manobra eleitoreira de parte do Legislativo Municipal.
Na próxima sexta-feira, dia 1º, a partir das 10 horas, acontecerá a sessão plenária onde será colocada a segunda votação das contas do Executivo de Morpará.


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