Estamos perdendo a capacidade de nos indignarmos

Jornalista Jayme Modesto

A ciclópica crise moral e institucional que tem como protagonista os Três Poderes da República, vem afetando diretamente e de forma muito grave, todos os segmentos produtivos do país, bem como todas as camadas da sociedade brasileira, além é claro, de estar também desnudando a vida política de 90% dos políticos brasileiros.

O Brasil passa pela pior e talvez, pela mais “imunda e nojenta” etapa em sua história política. Os escândalos se multiplicam e se sobrepõe de forma vergonhosa, deixando uma lista diminuta de pessoas idôneas no desempenho de suas funções público na mesma vala. As fraudes, falcatruas, manobras, negociatas escusas da administração central e estaduais, são exibidas nos noticiários continuamente deixando pouco ou  quase nada de tempo para se falar dos bons e poucos políticos honestos que ainda lutam contra esse mar de lama.

Tudo pode ser visto pela TV, as do Senado e Câmara Federal, que deveriam ser ferramentas de transparência, mas o simples fatos de transmitir as sessões cheias de desafetos, demagogos e atos mal educados não garantem em nada o exercício da transparência, apenas revela o gravíssimo quadro político que nos governa.

Acusados e acusadores trocam farpas, cada um defendendo sua conveniência grupal e seu próprio interesse. Quem assiste ao vergonhoso espetáculo tem a árdua tarefa de emitir seu juízo pessoal, formar uma opinião madura, equilibrada, livre de parcialidades descomedidas da grave situação que atravessamos.

Os políticos acusados sabem muito bem se são inocentes ou dignos das sanções de colegas e da lei. Claro, a defesa de cada um já é bem conhecida por todos nós. E para falar a verdade, o desenrolar de tudo isso lembra bastante um jogo de cartas marcadas, que já sabemos no que vai dar, nada.

É. Parece que estamos no mato sem cachorro, sem perspectiva, perdemos até a capacidade de nos indignarmos com tudo isso, apenas o desejo, o de que tudo isso a de mudar um dia.  O  horizonte não é promissor. Contudo poderíamos apurar mais nosso senso crítico. Poderíamos nos preocupar mais com a crise moral que afeta a todos, do que com as querelas das novelas da Rede Globo, com os salários milionários de artistas e jogadores.

As más notícias. A violência, que já faz parte do cotidiano dos brasileiros, transferiu-se para a política.
Nas ruas e nas redes sociais, há uma preocupante polarização, que foi precedida pelo recorrente discurso do “nós contra eles”. Arrisco-me a imaginar dois cenários possíveis: a agonia prolongada ou a transição dolorosa.

Por outro lado, não é novidade para ninguém, dizer que os municípios brasileiros estão em situação falimentar. A situação fiscal é difícil ou crítica para 70% dos municípios, e no Oeste da Bahia não é diferente. O Norte e Nordeste aparecem com 93% dos municípios entre os 100 piores. Os dados são do IFGF (Índice FIRJAN), vale lembrar que a concentração da receita no governo federal e a farra dos políticos desonestos com nossos impostos, são os causadores desta calamidade, lembrando ainda, é no município que o povo habita.

Ainda não chegamos ao ponto da maturidade social, na chamada união que faz a força. Ao se tratar de política sempre se fica na retaguarda, uns porque temem desprender o rabo preso, outros por terem uma aliança ao comodismo ou ainda ao fato de se ter uma profunda lealdade à realidade daqueles que ocupam um cargo idealizado para nós ou para os nossos. Quem sabe na próxima política obteremos uma “boquinha no esquema”.


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