O caminho aberto para o impeachment da presidente Dilma

Jaime (1)

Jornalista Jayme Modesto

Depois da fragorosa derrota no Plenário da Câmara Federal, a presidente Dilma Rousseff, aguarda apenas o veredito final do Senado Federal

No meio de uma tempestade, baixa popularidade, enfraquecida politicamente e acuada por todos os lados, só um milagre dos deuses pode salvar o mandato da presidente Dilma Rousseff.

Para qualquer governo presidencialista, uma derrota do tamanho da que Dilma sofreu na Câmara dos Deputados, impõe uma pergunta central: qual a estratégia de sobrevivência que Dilma e seu criador devem usar para barrar o processo no Senado Federal, depois dessa devastação política, já que o trabalho do seu criador e articulador informal, promovido de um quarto de hotel não surtiu efeito para impedir que sua afilhada política sofresse uma fragorosa derrota no plenário da Câmara?

Políticos, dirigentes partidários e governadores, que não eram hóspedes do local, foram vistos com tanta frequência, no luxuoso hotel que em alguns momentos era possível confundir o espaço, com uma extensão do Palácio do Planalto, um verdadeiro balcão de negócio e o mais incrível, o governo não conseguiu um terço dos votos.

Na hora de declarar o voto a favor ou contra o impeachment, demagogicamente e usando o costumeiro fisiologismo, muitos parlamentares lembraram-se da família, das esposas, maridos, dos filhos, da sogra, dos netos e até dos moradores de rua.

O plenário estava cheio. Dos 513 deputados, só dois faltaram: Clarissa Garotinho, grávida de nove meses, e Aníbal Gomes, com a coluna operada. No processo de votação, teve de tudo. Vaias, aplausos, gritos e surpresas também. O deputado Mauro Lopes, por exemplo, recém-nomeado ministro da Aviação Civil, que pediu licença para votar a favor da presidente Dilma, votou pelo afastamento da presidente.

A empolgação da deputada federal Raquel Muniz, que citou a honestidade do prefeito da cidade mineira de Montes Claros, Ruy Muniz, marido dela, na hora de anunciar o voto, durou pouco, Ruy foi preso pela Polícia Federal na manhã seguinte, por suspeita de corrupção. E para não dizer que não falei das flores, aquela cuspida do deputado Jean Wyllys no seu arque rival deputado Jair Bolsonaro, que ainda vai render muito.

Também durante a votação, muitos deputados criticaram diretamente o mediador do processo, o deputado e presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Cunha que é também alvo de processos no Conselho de Ética da Câmara Federal, que se arrastam há meses, graças as manobras e à ajuda de seus aliados, o que já é considerado o mais longo da história, mas agora que o impeachment de Dilma Rousseff seguiu para o Senado, muitos acham que Eduardo Cunha, que é um verdadeiro crápula e sem moral, está com os dias contados e é bom que seja assim, ele deve satisfações à sociedade, das suas contas no exterior, das propinas que recebeu e tudo isso precisa também ser esclarecido, assim como as  denúncias de outros na mesma situação.

O resultado, no entanto, pegou o Planalto de surpresa e atingiu até as mais pessimistas previsões dos governistas. Os petistas não aceitam a verdade, nem o resultado, e se defendem dizendo que é “golpe”, mas precisam entender que o Brasil é dos brasileiros e não do PT.

Aceitar a tese de que seria um golpe o afastamento de Dilma, por meio do impeachment, é admitir que o Supremo Tribunal Federal participaria de uma ação de cunho político contra princípios constitucionais.

Na estratégia de defesa e nas ações de agitação e propaganda de um PT e de uma presidente acuada no Planalto, a palavra, “golpe” ganha grande relevância. “Golpe” é curto, fácil de pronunciar e adequado para ser gritado em manifestações, mas nada tem a ver com a grave crise política e moral que passa o país, na qual estão atolados o PT e Dilma, e muito menos com o processo de impeachment da presidente em tramitação no Senado.

Enfim, governo já está em campo novamente, na última tentativa de inviabilizar o processo no Senado, a ordem é negociar até os últimos momentos o apoio de partidos e aliados para não sofrer uma derrota ainda maior no Senado, mas pelo andar da carruagem será o mesmo que enxugar gelo.

 


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