Aumenta o número de mulheres sem filhos na Bahia; taxa de fecundidade caiu em todo o país

Junto com a queda na taxa de fecundidade, também houve um aumento no percentual de mulheres sem filhos no estado

Aos 27 anos, a designer Adna Alves diz que nunca passou pela sua cabeça ser mãe. “Não sei que magia é essa que todo mundo enxerga em ter uma gravidez. Simplesmente não tenho vontade. Quando penso nas outras coisas, como estrutura financeira, sei que ainda quero fazer muita coisa, quero rodar o mundo”, conta.

Mesmo estando em um relacionamento há mais de 5 anos, ela afirma que pretende se estabilizar financeiramente para depois viajar pelo mundo. Assim como Adna, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2014 divulgada   ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por conta de fatores como a urbanização e a inserção no mercado de trabalho, as brasileiras estão tendo menos filhos.

Os dados mostram que o número de filhos por mulher caiu 26% nos últimos 14 anos no Brasil, passando de 2,39 filhos por mulher para 1,77, entre 2000 e 2013. A Bahia, por sua vez, também acompanhou este movimento, atingindo uma taxa de fecundidade de 1,79 no mesmo período.

Segundo o coordenador regional de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues de Souza, junto com a queda na taxa de fecundidade, que tem impacto direto em diversos âmbitos, também houve um aumento no percentual de mulheres sem filhos no estado.

“A média baiana é muito parecida com a nacional. No entanto, o impacto na Bahia desta redução da fecundidade é maior. Em 2014, temos em torno de 15,2 milhões de habitantes. A perspectiva é de termos por volta de 15,6 mil em 2030. O crescimento será muito baixo”, afirma.

De acordo com ele, entre os principais fatores para esta redução estão o intenso processo de urbanização, que insere as mulheres no mercado de trabalho, a introdução de métodos contraceptivos e o aumento da escolaridade. Para Joilson, apesar da motivação individual das mulheres ser compreensível, quando algo pessoal se torna uma padrão social, a situação passa a ser preocupante, já que dois filhos é o limite para uma reposição da população.

“A população baiana tende a envelhecer e teremos uma redução da população em idade produtiva, capaz de gerar as contribuições previdenciárias necessárias para segurar as demandados pelos idosos aposentados no futuro”, diz.

Segundo ele, a razão de dependência entre a população considerada inativa (0 a 14 anos e 65 anos e mais de idade) sobre a população potencialmente ativa (15 a 64 anos de idade) também será maior. “Esta razão hoje é de 53%. Ou seja, já passamos do que é considerado ideal. Até o final do século, teremos apenas 20% de jovens. Isto vai pôr em risco o sistema econômico vigente e, inclusive, a vida humana”, complementa.

O mesmo estudo, que traz informações sobre demografia, famílias, educação, trabalho, rendimento e domicílios, apresentando novas abordagens, também mostra que dos 49 milhões de brasileiros, com idade entre 15 a 29 anos, ou seja, um de cada cinco jovens está no grupo dos “nem-nem”, que não estão na escola nem empregados.

“O índice dos chamados ‘nem-nem’ é de 20,3% no Brasil, já no Nordeste vai para 35,2%; na Bahia os “nem-nem” são 23,9% e na Região Metropolitana de Salvador (RMS) 21,6%”, diz Joilson.

O funcionário do IBGE observa que este fenômeno acontece em todos os estratos sociais. “É uma figura que, tendo uma formação básica ou até mesmo superior, não conseguiu encontrar as atividades profissionais desejadas. Entre as pessoas de classes sociais mais baixas, tem a ver com a baixa qualificação e exclusão da atividade do trabalho. Entre as mulheres, que são 69% dos “nem-nem”, tem a ver com atividade doméstica, por terem filhos”, explica.

Fonte: Correio da Bahia


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