Abril Azul: Mês de Conscientização do Autismo

A fala e a comunicação não verbal são algumas das dificuldades dos autistas que podem ser tratadas com a fonoaudiologia, a terapia ajuda principalmente no desenvolvimento da comunicação.


 

Foto: Reprodução

Ivana Dias

Abril é o mês de conscientização do autismo, uma forma de mobilizar, combater a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas que tem o Transtorno do Espectro Autista – TEA.

Quem convive com pessoas autistas percebe algumas características bem peculiares, que mudam a rotina de todos que convivem com elas e se esforçam para manter a qualidade de vida e o bem estar. Os comportamentos repetitivos, a resistência a mudanças nas rotinas, a hiper ou hipo sensibilidade ao toque, às dificuldades na interação social, com a fala e com a comunicação não verbal também são comuns.

Foi assim na família da Vivian Lopes e do Reginaldo Lopes, pais de três filhos, perceberam que com o terceiro havia algo diferente, mas não sabiam exatamente o que. Com um ano e meio Felipe não respondia aos seus chamados, mas quando ouvia as vozes manifestava grande alegria.

“No início percebi que Felipe era diferente, mas por não sabermos nada sobre autismo, deixamos o tempo passar. Pensávamos que cada um tem seu tempo e esperaríamos ele completar dois anos pra levarmos ao médico”, disse Vivian Lopes.

É importante lembrar que o autismo não é uma doença e sim, uma condição neurobiológica que se manifesta de forma multifatorial, pois existem aspectos ambientais e genéticos que atuam em diferentes combinações.

“Ele era muito agitado, aconteceu por várias vezes irmos a uma festa de aniversário e não esperarmos cantar os parabéns, porque ele ficava nervoso, chorava bastante e às vezes queria até derrubar a mesa da festa”, relembrou a mãe de Felipe.

Reinaldo, Felipe e Vivian.

E foi em uma das festas que uma psicopedagoga amiga da família observou o comportamento de Felipe e os orientou a leva-lo em um fonoaudiólogo. Ir a busca de um diagnóstico preciso é fundamental para iniciar o acompanhamento adequado.

Entre as especialidades médicas que contribuem para o desenvolvimento do autista a fonoaudiologia é uma delas, com terapias fundamentais no tratamento do autismo que ajudam principalmente a superar as dificuldades na comunicação.

Na primeira consulta com a fonoaudióloga o casal recebeu a notícia sobre o autismo e relatou as emoções vividas, “fiquei desesperada, não sabíamos nada sobre autismo”. Em seguida foram também a neuropediatra, “ela nos acalmou falando das intervenções terapêuticas e para não nos apegarmos ao diagnóstico”.

De acordo com a fonoaudióloga especialista em Transtorno de Fala e Linguagem e Transtorno do Espectro Autista, Laíse Amorim, a rotina de terapias e acima de tudo, muito amor é a orientação para uma rotina saudável. “A terapia é de forma lúdica e depende do caso e nível do autismo, para saber qual melhor método usar e se vai ser para a vida toda, algumas crianças podem levar apenas um ano, assim como outras podem levar muito mais”.

Fonoaudióloga – Drª Laíse Amorim.

 

A especialista destaca que entre os benefícios no tratamento fonoaudiológico estão à comunicação e a interação com as outras pessoas, “mesmo que a criança não fale, através da comunicação alternativa, ela consegue se comunicar por outras formas e viver bem em sociedade”, disse Drª. Laíse.

Na maioria dos casos, o início de qualquer diagnostico é difícil para as famílias. “Eles enfrentam o luto e também a luta, mas o nosso papel como profissionais é acolher e mostrar o quanto aprendemos com nossos meninos. É muito importante a família ser presente e participar das orientações dadas por todos os terapeutas. É fundamental fazer reuniões familiares, troca de vídeos, assim, conseguimos avanços muito mais rápidos”.

Superação

Os pais de Felipe passaram por vários desafios e algumas situações constrangedoras que os entristeciam. “Antes do início das terapias foi uma fase difícil, era frustrante as pessoas pensarem que não educávamos direto, falavam que era manha e os mais ignorantes achavam que ele precisava apanhar pra aprender a se comportar”, disse Vivian que ressaltou ainda, sobre a força e a união do casal.

“Nas terapias fomos conhecendo outros pais e nos apoiando, mas tivemos muitos atritos entre nós, foi preciso ir ao psicólogo também, pra entender tudo que estava acontecendo conosco. Com o passar do tempo as terapias foram apresentando resultados, percebemos que a união do casal é muito importante e que não existe culpado”.

Atualmente Reinaldo é bancário, Vivian é estudante de Pedagogia, Felipe está com seis anos e já tem muitas conquistas em seu processo de desenvolvimento que enche seus pais de orgulho. “Hoje ele é outra criança, adora festas e está acompanhando bem as atividades escolares. Por isso, é muito importante a presença e dedicação dos pais, estabelecer rotinas, a todo o momento é oportunidade pra desenvolver o nosso pequeno. Fazer a criança se sentir útil nas atividades domésticas é muito bom, desenvolve autonomia, coordenação motora e ainda aproxima mais de seus familiares”, aconselha Vivian que não se esquece do imenso amor envolvido nessa relação.

“Jamais deixe de demonstrar o seu amor por seu filho e o quanto ele é importante para você do jeitinho que ele é”, concluiu.


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