Febre amarela pode se espalhar

Alerta da Organização Mundial de Saúde diz que doença pode chegar a outros estados

Além dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santos, Bahia e Distrito Federal, a febre amarela, que já teve 42 mortes confirmadas no Brasil este ano, com 555 casos notificados pelo Ministério da Saúde, pode chegar a mais estados brasileiros, o que pode levar a uma campanha de vacinação em massa da população.

O alerta foi feito por meio de nota da Organização Mundial da Saúde (OMS) na última sexta-feira, quando disse que com a circulação de pessoas entre as áreas de riscos e o número de macacos infectados pela doença e que também  migram para outras regiões, é esperado o surgimento de novos casos em outros estados do País. Atualmente, a febre amarela está confirmada em cinco estados e em 61 municípios, dos quais em 25 deles já foram confirmadas mortes de pessoas.

Segundo a OMS, o Brasil vive o maior surto da doença desde 1980, quando teve início a série estatística histórica. Ainda segundo a OMS, apesar das medidas que vêm sendo adotadas, é necessária a vacinação em massa da população nas áreas de riscos, principalmente em regiões que antes não eram consideradas de riscos para a transmissão da doença. “São esperados casos adicionais em outros estados do Brasil, em áreas que antes não eram consideradas de risco para transmissão da doença”, diz o  documento.

A febre amarela é transmitida no Brasil por mosquitos silvestres, que circulam apenas em regiões de mata, e cujo principal hospedeiro é o macaco. Nas áreas urbanas, onde não se registram casos desde 1942, o mosquito transmissor da febre amarela é o Aedes aegypit, que é o mesmo que transmite a dengue, a zika  e a chicungunya, e que circula nas cidades. Até a  última sexta-feira, segundo o Ministério da Saúde, a doença já tinha causado a morte de 42 pessoas. Ao todo, são 107 mortes suspeitas de terem sido causadas pela doença, com 555 casos notificados e 87 confirmados, espalhados em cinco estados.

Riscos
Dos 107 óbitos notificados até a última sexta-feira, segundo os dados do Ministério da Saúde, 42 foram confirmados e 65 ainda são investigados. Os casos ocorreram em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, que já descartou todos os casos notificados. Minas Gerais é o estado com o maior número de registros até o momento.

O Ministério da Saúde tem recomendado a intensificação da vacinação em todos os municípios do país considerados em áreas de riscos, não somente com o objetivo de evitar a reintrodução da doença em áreas urbanas, mas também para evitar a ocorrência das epidemias de Dengue, Zika e Chikungunya. Até a última sexta-feira, conforme o Ministério da Saúde, todos os casos de febre amarela foram classificados no ciclo silvestre de transmissão, com riscos de reurbanização da doença muito baixos.

Na Bahia, a Secretaria Estadual da Saúde recomendou a prefeitos de 67 municípios a vacinação em massa da população. Esses municípios estão localizados nas regiões Oeste e Extremo Sul, que fazem divisa com os estados de Goiás, Tocantins, Minas gerais e Espírito Santo, além de Vitória da Conquista, na Região Sudoeste, por ser um dos principais entroncamentos baianos para esses estados.

Até o final do ano passado, o índice de infestação pelo Aedes aegypti (Liraa), transmissor da febre amarela no homem, indicava que 63% dos municípios brasileiros tinham índices abaixo de 1%. Somente 8,6% dos municípios apresentaram índices acima de 4%, o que indica risco de epidemia para dengue. Para que a febre amarela se manifeste em áreas urbanas, contudo, são necessários que tais índices sejam  superiores a 50% de infestação pelo Aedes aegypit.

Mesmo assim, o Ministério da Saúde reforçou o estoque de vacinas nos estados afetados pela doença, com 11,5 milhões de doses. Além disso, a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) mantém um estoque permanente de 5,5 milhões de doses, que serão entregues de acordo com as solicitações do Ministério. No total, 5,4 milhões de doses extras foram enviadas para cinco estados: Minas Gerais (2,9 milhões), Espírito Santo (1,05 milhão), Bahia (400 mil), Rio de Janeiro (350 mil) e São Paulo (700 mil)

Salvador fora da área de risco

Com um índice de infestação pelo Aedes aegypit, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, e que é o vetor de transmissão da febre amarela em áreas urbanas, Salvador não corre nenhum risco de surto da doença. Isso porque o Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), feito entre os dias 02 e 07 de janeiro deste ano, revelou que a capital tem um percentual de 1,1% de infestação, o menor valor registrado desde que o estudo passou a ser realizado no município em 2005.

A coordenadora do Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Salvador, Ana Paula Pitanga, explicou que não há a menor razão para uma corrida aos postos de vacinação. Além de haver vacina suficiente nas 126 unidades de saúde da capital, a recomendação é que sejam dadas prioridades a quem vai viajar para as áreas consideradas de riscos. Ela explicou, ainda, que independente do surto da doença em algumas regiões do país, o calendário nacional de vacinação segue normalmente.

Nos dados de infestação pelo Aedes aegypiti, o estudo apontou ainda que Salvador ampliou o número de bairros com índice de infestação igual ou menor a 1,0%, indicador recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). São 57 localidades na capital que não correm risco de uma epidemia de dengue, zika e chikungunya. O número de bairros com alto risco endêmico reduziu de 34 para 02 com indicador acima de 4%.

Duas doses
A febre amarela é doença de notificação compulsória e a vacinação é de rotina e é ofertada em 19 estados do país, com recomendação para imunização.Todas as pessoas que vivem nesses locais devem tomar duas doses da vacina ao longo da vida.
Com o surto ocorrendo em alguns estados, a recomendação é que sejam vacinadas as pessoas que vão viajar ou vivem nas regiões do leste de Minas Gerais, oeste do Espírito Santo, noroeste do Rio de Janeiro e oeste da Bahia.

A vacina deve ser tomada em duas doses, tanto para adultos quanto para crianças. As crianças devem receber as vacinas aos nove meses e aos quatro anos de idade. Para quem não tomou as doses na infância, a orientação é de uma dose da vacina e outra de reforço, dez anos depois. A vacina é contraindicada para crianças menores de seis meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas.

Fonte: Tribuna da Bahia

http://www.tribunadabahia.com.br/2017/01/30/febre-amarela-pode-se-espalhar


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