Barreiras: Sem carnaval os setores envolvidos sentem impacto econômico negativo

Em 2020, o movimento da economia do município e da região foi estimada em mais de R$ 40 milhões, com a realização da festa carnavalesca.


Barreiras Folia 2020 -435 mil pessoas às ruas de Barreiras, nos três circuitos da festa . Foto: Dircom

 

Ivana Dias

O Carnaval 2021, que aconteceria de 15 a 17 de fevereiro, foi cancelado em toda a Bahia devido à pandemia da Covid-19. Em Barreiras, o Barreiras Folia 2021 não aconteceu conforme Decreto nº 47, que levou em consideração as recomendações emanadas do Comitê de Operações de Emergência-COE, referente a quantidade elevada de pessoas testadas positivo e a curva ainda ser alta e não descendente.

O carnaval de Barreiras é consolidado o maior e melhor carnaval do interior da Bahia, alcançando números recordes de público, movimentação financeira e lotação hoteleira. De acordo com dados da Comissão Geral do Carnaval em 2020, a festa reuniu nos seus cinco dias, 435 mil pessoas às ruas de Barreiras, nos três circuitos da festa – Aguinaldo Pereira, Zé de Hermes e Rio de Ondas, com uma média de 87 mil pessoas ao dia.

Além do movimento da economia do município e da região, estimada em mais de R$ 40 milhões, envolvendo gastos em segmentos como os de vestuário, calçados e acessórios, alimentação, bebidas e combustível. Costureiras, salões de beleza, empresas de bufês e decoração também tiveram trabalhos extras e consequentemente, renda adicional garantida. Nos circuitos da folia bares, restaurantes, fast foods, drinks, ambulantes e artesanato geraram empregos e ajudaram na movimentação da economia durante o evento.

 

 

Bloco Netos de Momos no Circuito Zé de Hermes . Foto: Dircom

De acordo com o subsecretário de Indústria Comércio e Serviços, Roberto de Carvalho e Silva, o carnaval de Barreiras estava em uma fase de crescimento e a não realização da festa devido a pandemia do Coronavírus causou impacto econômico negativo em todos os setores envolvidos na realização do evento.

“Em 2017 não houve carnaval por ter sido decretado situação de emergência no município, mas o entendimento foi realizar o resgate do carnaval em 2018 e foi um carnaval de ponta. Em 2019 foi excelente e em 2020 tivemos um resultado no movimento da economia mais que positivo, principalmente com a geração de emprego e renda local. A perspectiva era que neste ano de 2021, o carnaval alcançasse mais de 50 milhões em movimentação porque estávamos numa fase crescente, mas a atual situação gerou um prejuízo imenso em todos os setores envolvidos nesse processo”, pontuou Roberto, que destacou ainda sobre o setor de eventos.

Subsecretário de Indústria, Comércio e Serviço de Barreiras, Roberto de Carvalho e Silva.

“É uma perda cultural gigantesca, os blocos sempre começam organizar sua programação logo após o carnaval, faziam contratações, festas durante o ano pra arrecadar e motivar seus foliões. Hoje eles estão muito prejudicados, estão parados há quase um ano. Acho que o Governo já deveria pensar em liberar alguns eventos com todas as normas sanitárias e de distanciamento”, sugeriu Roberto de Carvalho.

Para o presidente da câmara de Dirigentes Lojistas de Barreiras (CDL), Fábio Petronílio Nogueira, carnaval em Barreiras é também uma oportunidade de fazer negócios. “O carnaval é uma festa popular que proporciona grande visibilidade para o município de Barreiras, mas entendemos que não tem condição ser realizado nessa pandemia, nesse momento temos que ter cuidado com a saúde. No entanto, o impacto econômico para a nossa cidade com a não realização do carnaval é muito grande, porque movimenta todos os setores do nosso município. É uma oportunidade de grande faturamento”, disse o presidente.

 

Blocos

Parceiros importantes na realização do carnaval, os blocos carnavalescos investem alto e contribuem diretamente com os resultados positivos da festa. De acordo com o presidente da Associação dos Blocos de Barreiras, Ismael Pedrosa, o impacto econômico dessa pausa atinge toda a região Oeste. “O impacto é para o Oeste todo, têm donos de bares, restaurantes, ambulantes, parque de diversão que vem de Bom Jesus da Lapa, Ibotirama, entre outros lugares, para trabalhar aqui. O comércio gira em torno de tudo, não apenas da diversão”, disse Ismael que destacou ainda, a dificuldade das pessoas que tem no evento uma oportunidade de emprego e renda.

Bloco Pilek.

“Não ter carnaval impacta os bloco de forma geral, principalmente porque geramos emprego e renda. Os cordeiros e seguranças, por exemplo, contam com o dinheiro extra pra pagar material escolar, fardamento, matrícula, etc. Enquanto muita gente está gastando é uma renda que eles têm nesse período até para se programarem durante o ano. É a contratação do trio, do carro de apoio, são diversas contratações fundamentais para a realização da festa e que contam com essa renda”, disse Ismael.

De acordo com a diretora do Bloco Allanbick, Maira Salvático, a empresa nunca vendeu menos de 3 mil abadás para a festa e esse está sendo um momento muito delicado e de dificuldades. “O carnaval é uma festa que movimenta a economia em fevereiro aqui em Barreiras, tudo gira em torno do evento. O cordeiro passa o ano esperando o dinheiro que recebe no carnaval, é uma classe menos favorecida como todos sabem. Os músicos, as bandas, os rounds, os carregadores, o pessoal da luz, também precisavam desse cache. Precisamos que olhem para essas pessoas, agora em março fará um ano que o setor de eventos está 100% parado, de portas fechadas, funcionários sendo demitidos, sem geração de emprego”, pontuou Maira que enfatizou a importância do setor de eventos.

Bloco Allanbick.

“Não achávamos que poderíamos chegar a tanto tempo parado e hoje estamos sem perspectiva nenhuma. O Bloco Allanbick faz vários eventos em Barreiras, algumas das maiores chegam a gerar 1.200 empregos, quando falávamos isso as pessoas achavam exagero, mas quando veio à pandemia passaram a perceber a importância que o evento tem na cidade. Não é o momento de pensar em festa, existe um vírus perigoso que não vai deixar de existir nem com a vacina, então acho que o que precisa ser avaliado e revisto para o nosso setor é a questão de meios de sobrevivência para as pessoas que dependem do setor de eventos”, concluiu.

Perspectivas

Com a chegada da vacina chegou também a esperança de dias melhores e da retomada na organização do carnaval 2022. Segundo o secretário Roberto Carvalho, para 2021 não houve programação e contratações, mas a perspectiva é de um carnaval maior e melhor para o próximo ano. “O carnaval pós pandemia vai ser um carnaval totalmente produtivo e interessante porquê as pessoas estão com a necessidade de lazer. Somos otimistas, não só acredito como tenho certeza que no carnaval de 2022 vamos ultrapassar os números de 2020. Temos um carnaval consolidado, o melhor do interior do Brasil, com muita excelência pra que as pessoas que venham em nossa cidade sejam bem atendidas na rede hoteleira, no rio de ondas, por toda parte nos três circuitos do carnaval e esse é o diferencial. Teremos atrações melhores, com segurança, aumento do percurso e da quantidade de barracas, entre outros ajustes”, destacou.

Os diretores de blocos também estão otimistas, segundo Ismael Pedrosa, também diretor dos Blocos Pilek e Primeira Dose, algumas atrações que já haviam sido contratadas para 2021 foram negociadas para o ano de 2022. “Acho que o próximo carnaval será o maior carnaval de todos os tempos, um carnaval com a vontade de reviver essa emoção. As contratações ficaram para o ano seguinte, não houve venda de abadás porque foi muito rápido, a pandemia foi logo em seguida o pós carnaval, vamos começar a vender agora. Enquanto isso se preservem para 2022, estamos preparando uma festa  linda pra todos vocês. O Bloco Pilek já tem contratado algo que Barreiras nunca viu dentro do bloco e nem do circuito, uma inovação surpresa”, concluiu.


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