Presidente da Câmara Otoniel Teixeira fala sobre sua trajetória política e desafios no novo cargo

Em entrevista para o Gazeta do Oeste,  o presidente destaca sobre as reformas administrativas realizadas durante os 100 dias de sua gestão que resultaram na economia de R$ 1,5 milhão dos cofres públicos e as mudanças no setor de comunicação da Casa.


Otoniel Teixeira – Vereador e Presidente da Câmara de Vereadores de Barreiras.

Texto e Foto: Ivana Dias

Jornal Gazeta do Oeste – Qual foi sua principal motivação para ingressar na carreira política?

Otoniel Teixiera – Eu nasci na zona rural, na comunidade Rio Branco, distante 700 km da cidade. Em 1994 eu e meus irmãos viemos para Barreiras estudar e em 2005 procurando dar um retorno a essa comunidade criamos uma Associação de Pequenos Produtores, com nossa visão e conhecimentos adquiridos na cidade procuramos ajudar e ali sim, começou a acontecer essa política, na verdade eu não tinha nem ideia que ali era política. Surgiram novas atividades importantes na região do Rio Branco através da criação dessa Associação, diversos políticos foram convidados para participar, fazer palestras e criamos o 1º de maio, o primeiro grande evento que foi crescendo ao longo dos anos. Entrar na politica aconteceu com muita naturalidade, naquela época foi um pedido por parte das lideranças da zona rural que queriam uma representação e de forma natural comecei a fazer esse trabalho junto as comunidades, essa foi a minha entrada na política e estamos até hoje.

JGO – Como foi o início da política partidária?

OT – Em 2007 fui convidado a filiar-me no partido político PSDB, mas no início eu não aceitei, ainda não tinha essa vontade. Em seguida veio o convite do PCdoB, acabei aceitando e entrei para esse governo. Fui candidato em 2008 e fiquei na suplência do partido, obtive mais de 700 votos; em 2009 fui convidado pela ex-prefeita Jusmari Oliveira para assumir a Secretaria de Assistência Social aqui do município, onde passei quatro anos; em 2012 fui candidato novamente em Barreiras e fui o quinto candidato mais votado com 1.573 votos, assim comecei a vida pública através do mandato eletivo; fui eleito novamente em 2016 e reeleito em 2020.

JGO – Em sua opinião, qual a principal função do vereador perante a população?

OT – O vereador tem a função de corresponder com a expectativa do eleitor, mas muitas vezes não chega nem perto. Temos essa função importantíssima junto à sociedade que é buscar a possibilidades de garantias de direito do cidadão, que às vezes tem um problema grave de infraestrutura no seu bairro, tem um problema crônico de saúde no seu município, mas existem falhas nas políticas públicas sociais junto à comunidade.

JGO – Qual mudança acredita ser necessária na política legislativa?

OT – Eu já falei em diversas oportunidades e acredito que é um dos pontos que a Constituição Brasileira tem que rever e fazer mudanças significativas referentes aos requisitos para ser candidato a vereador. O cidadão brasileiro precisa apenas ter o Título de Eleitor e saber assinar o nome, não precisa passar por uma avaliação prévia e muitas vezes ele é eleito em cima de uma amizade ou popularidade que consegue e isso não significa ter conhecimento e conseguir conduzir um mandato parlamentar. Assim como também, acredito que a Constituição precisa ser revista em relação ao desempenho da missão parlamentar. Hoje o vereador pra passar os quatro anos no seu mandato bastar ir à Câmara dando a sua presença nas sessões, ele não é obrigado a fazer projetos, a lei não obriga debater. Fica ao critério do parlamentar desempenhar sua função ao longo do mandato, esse ainda é um ponto falho que existe e esperamos que um dia isso possa ser resolvido.

JGO – Como foi assumir a presidência da Câmara e quais suas expectativas para sua gestão legislativa?

OT – O maior desafio da minha vida pública está aqui na condição de presidente, sei que é fruto da minha bagagem política e que a minha experiência como gestor da Secretaria de Ação Social com certeza ajudou bastante. Aqui na Câmara trabalhamos com uma pasta de potencial financeiro muito grande, com ações práticas voltadas diretamente ao serviço, trabalhamos com ações, leis e projetos junto aos vereadores e, procuramos entender que aqui somos todos iguais, procurando corresponder com a expectativa desses parlamentares e da sociedade e, sobretudo, entender como funciona o processo administrativo junto aos servidores da casa, os servidores são muito importantes nesse processo. Sei que vim para ficar dois anos e realizar aquilo que estiver ao nosso alcance, levando esse desafio com muita responsabilidade sabendo que temos que prestar conta de tudo isso e nesses primeiros meses de gestão acredito que estamos fazendo a nossa parte, inclusive diferente do histórico do município de Barreiras, procurando se espelhar nos grande gestores que vem fazendo a diferença na política.

JGO – Quais reformas administrativas possibilitaram a economia de R$1,5 milhão na casa, conforme foi apresentado no Discurso dos 100 Dias?

OT – O primeiro passo ao assumir a presidência da Câmara Municipal foi fazer um amplo estudo das contas e trazer para a mesa todos os contratos e essa avaliação nos permitiu fazer algumas economias importantes. Conseguimos redução em todos os contratos que tem aqui na Casa e isso permitiu nesses 100 dias de gestão, fazer uma gestão austera e uma economia histórica. Como destaquei no discurso, conseguimos economizar R$ 1,5 milhão nesses primeiros três meses, graças as estratégias adotadas pensando não no eu e sim, em nós, pensando não só na Câmara, mas também em Barreiras. O momento exige que os gestores atuais repensem sua forma de administrar o recurso público, pois cabe ao gestor essa responsabilidade de assumir o controle financeiro para que a cidade possa se desenvolver. Hoje temos uma cidade com uma das maiores perspectivas de crescimento da Bahia e do Brasil, temos que dar nossa parte como gestor público no erário do município.

JGO – De que forma esse dinheiro vai voltar para população?

OT – A devolução só acontece no final do exercício, não tenho dúvidas que iremos sentar com o gestor e vereadores, para tomar decisão em conjunto, porque tem que acontecer em harmonia junto ao executivo. A Câmara não pode realizar obras e nem fazer uso desse dinheiro dessa forma, mas podemos planejar junto à administração municipal, temos harmonia política que será fundamental para essa discussão e esse entendimento de fazer a devolução desse recurso para a sociedade em forma de obras e em forma de benefícios.

JGO – Após assumir o cargo de presidente da Câmara o senhor já realizou algumas mudanças no setor de comunicação da Casa. Como vai ficar a programação da TV e Rádio Câmara? Tem previsão de retorno?

OT – Ampliamos o setor de comunicação dando mais transparência a tudo que acontece aqui dentro. Tínhamos a TV Câmara e a Rádio Câmara, hoje temos o Facebook, Instagram e Youtube fazendo não só a transmissão das sessões, mas também veiculando constantemente todas as matérias que são produzidas aqui na Câmara ou na rua com os vereadores. O setor de comunicação ainda não está pronto, ainda nesse primeiro semestre concluiremos esse projeto da reforma administrativa dentro da comunicação, onde não só vamos dá sustentação aos programas que já estão funcionando como a criação de novos programas, inclusive um jornal ao vivo diário, aqui na Câmara Municipal. A sociedade vai acompanhar as notícias do Poder Legislativo e Executivo e também aos noticiários da rua. Isso vai acontecer não tenho dúvida nenhuma, assim que concluirmos os processos de licitações, a aquisição dos equipamentos e a  organização da parte de pessoal, dando todo suporte para que a Rede Câmara possa fazer esse planejamento que temos para o setor de comunicação da casa.

JGO – Existe algum projeto que durante seus dois mandatos de vereador tenha lhe despertado o interesse em realizar dentro da Casa ou até mesmo no município?

OT – Um dos projetos que não é só o meu sonho, mas uma necessidade é informatizar a Casa, tanto o Plenário, quanto os demais setores administrativos. Vários serviços aqui ainda são feitos de forma manual, pretendemos informatizar toda a estrutura da Câmara. Isso depende muito da viabilidade financeira, mas acredito que iremos avançar nesse sentido, no Plenário, nos gabinetes dos vereadores, todos os setores administrativos para que possamos eliminar a demanda de papel e de projetos manuais. O nosso maior projeto aqui dentro da casa se tratando da parte administrativa é essa, a evolução em relação à implementação de todos os equipamentos tecnológicos que venham facilitar e viabilizar esse tramite de projeto, desde o protocolo online, tramitação dos gabinetes, a tramitação das comissões, jurídico, tramitação da presidência e plenário online, pra ficar aprovado e a disposição da sociedade. É possível, tem um custo de equipamentos e iremos lutar para que dentro do nosso mandato se não concluirmos pelo menos iniciar, acredito ser uma necessidade não da minha gestão, mas do Poder Legislativo e da sociedade atendendo essa nossa previsão de crescimento da cidade.

JGO – Como avalia a relação com o Poder Executivo até o momento?

OT – Temos muita harmonia junto ao Poder Executivo e esse diálogo facilita para que as ações possam ser executadas atendendo a necessidade da comunidade barreirense. A administração da Casa tem total independência pra tomar as suas decisões e aquilo que vier beneficiar o cenário de barreiras, como o Projeto 005 que criou o Auxílio Emergencial, apreciado em tempo recorde. O auxílio financeiro no total de R$ 4 milhões será distribuído em quatro parcelas, para 5 mil famílias. A câmara foi fundamental para aprovar essa Lei, deixando a disposição do Executivo para criar os critérios e o cadastro de todas as famílias que serão beneficiadas.


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